28 dezembro 2011

Eu sei, aliás, todos sabemos, que este tempo de "fim de ano" é por regra considerado festivo, com a quase sempre reunião das famílias pelo Natal e as "diversões" da passagem do ano. Por tudo isto talvez seja oportuno deixar aqui uma reflexão para 2012.


Neste “aqui” e “agora” que fazem parte da nossa caminhada terrena e  digo "nossa" porque não estou sozinha, existes tu aí desse lado – tu e eu juntos neste percurso de vida. Talvez nunca nos toquemos,e não  passemos de uma realidade apreendida a uma ou duas dimensões, não obstante  ela ser de 4; mas ambos temos consciência de uma voz interior – às vezes mais do que uma – a tal que nunca se cala e que pretende ser quem somos nós ; ( e afinal quem somos nós?), já que o nosso EU é tão efémero? Procuramos incessantemente alimentar esse efémero, seja a que preço for.
Assim nasce o desejo, sempre mais e mais, o desejo de adicionar  qualquer outra coisa ao nosso efémero EU.
E depois nasce o medo. E depois nasce a frustração. Existem sempre emoções a nascer e a morrer dentro de nós.
Acabamos por não entender que existe um  Universo  dentro de cada ser humano! E, porque ao SER, nada se pode acrescentar nem retirar – existimos assim desse modo – tão simples!
Para quê complicar?
“Olha o sol que vai nascendo/ anda ver o mar...” cantava Zeca Afonso; vem ver o mar e nele te acharás inteiro, por cada onda batida na praia entenderás a perfeição, a maravilha deste planeta chamado Terra a casa onde todos vivemos e onde TODOS deveríamos ter paz e igualdade de condições.
Por tudo isto espero aperfeiçoar-me como SER no decorrer de  2012  tendo como meta o belíssimo poema escrito por  Max Ehrmann:

Vai calmamente, entre o barulho e a pressa, e lembra-te da paz que somente existe no silêncio.

Na medida do possível, e sem te atraiçoares, tem boas relações com todas as pessoas.

Diz a tua verdade quieta e claramente. Ouve os outros, mesmo os obtusos e ignorantes. Eles também têm uma estória a contar.

Evita as pessoas ruidosas e agressivas. Elas são tormentos para o espírito.

Ao  comparares-te com os outros,  tornar-te-ás ora vaidoso, ora amargo, pois há sempre pessoas que te são inferiores ou superiores.

Goze tanto as tuas realizações quanto os teus sonhos. Mantém-te interessado naquilo que  fazes, por muito humilde que seja. Aquilo que fizeres é algo que  realmente possuis, num tempo em que tudo muda sem parar.

Pratica a prudência nos teus assuntos comerciais, pois o mundo está cheio de trapaças. Mas não deixes que isto te faça cego para as virtudes que existem. Muitas pessoas se esforçam por ideais altos. Por toda parte a vida está cheia de heroísmo.

Sê tu mesmo. Não finjas  afeição. E nem sejas cínico acerca do amor. A despeito da aridez e do desencanto, ele renasce tão teimosamente quanto a erva daninha.

Aceita com elegância o conselho dos anos, deixando graciosamente para trás os prazeres da juventude. Cria força de espírito para te  protegeres  na desgraça repentina. Não te aflijas, porém, com coisas imaginadas. Muitos temores nascem do cansaço e da solidão.

Tem  uma disciplina saudável, mas sê gentil para contigo mesmo. Tu és  um filho do universo, tanto quanto as árvores e as estrelas. Tens o direito de estar aqui. E, quer  saibas disto ou não, o facto é que o universo caminha como deve. Por isto, fica em paz com Deus, não importando como  pensas que Ele é.

A despeito da barulhenta confusão da vida, mantém-te em paz com a tua alma.

Com todos os seus enganos, labutas e sonhos não realizados, este continua a ser um belo mundo. Cuida-te. Esforça-te  por ser feliz...
BOM ANO de 2012!!

27 dezembro 2011

Boas Festas


Às vezes olho para as palavras e sinto que estou farta delas. Sempre as mesmas palavras a quererem significar o mesmo. Porque se não lhes muda o sentido e não se reinventam as ditas? Assim por exemplo:  Pátria quereria dizer uma outra coisa que ainda está para se conhecer, porque alteraram a essência, volatilizou-se. Surgiu a Branca de Neve e os anões deixaram de ser sete, para passar apenas a ser um! Tudo é um jogo, um conto, outrora de fadas, hoje de quase terror. A Branca de Neve chama-se agora Merckel  e o seu bobo da corte passou a ser francês- ao menos resta-nos a origem –será que os bobos nasceram em França?!
Hoje estou cheia de interrogações, a ponto de querer inventar novas palavras, talvez porque esteja farta do discurso sem método.
Habituaram-nos na escola a jogarmos o jogo das palavras, esqueceram-se foi de nos darem outro tipo de instruções : não vale fazer batota, poesia e prosa não jogam com determinas siglas tais como TAEG , TBN, TBAN e outras que tais.
E agora que nem as palavras valem, vulgarizou-se o sentido, até os adjectivos não são bem vindos na prosa, assim sendo para que servem? Demasiada adjectivação, demasiadas siglas desprovidas de valores ( mas como muito valor material).
Pergunto para onde rumamos? Não vale escrever aqui a palavra Amor, a maioria foge  dela como o diabo da cruz; sentimentos é coisa azeiteira dizem. A minha geração utiliza muito uma palavra : divórcio, acho eu que está tudo a desmoronar-se, mulheres para um lado , homens para outro! E o sentido das palavras gasto! É por isso, se calhar, que estamos em crise!
Assim sendo, olhem....boas entradas ( não sei muito bem onde, pois cada um entra onde pode) e boas saídas tipo "Meo go, Meo go" – o anúncio mais idiota que por aí anda!!! Até a publicidade anda pelas ruas da amargura! A propósito de saídas, sigam o conselho do nosso PM o P. Coelho que saltou directamente  do País das Maravilhas e aterrou no labirinto do Minotauro, anda às voltas a dizer-nos que já estamos atrasados, perdão falidos !Para 2012 não prevejo nada de bom - nem preciso da palavras da cartomante Maya para chegar a essa conclusão. Se calhar os Maias até tinham razão. A ver vamos! Entretanto vou-me dedicar à pesca, pode ser que no fundo do rio haja um cofre e logo  com a sorte que tenho , em vez de sargo pesco um cofre cheio de palavras novas -J Tchimmm , Tchimmm!!!

22 dezembro 2011

Desejo a todos um Santo Natal com muita Paz e Harmonia.

A imagem “https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7Is1E7OJ4uTmfwamX3e8oAe-OGWEnA2Sm7F82RceqwR50tCv0AYLSXDJ_LZgu4Cho3wdMgdcrYjY1_pbFT9mTeN8vUqPluL-4Y59WoFfiTQMG5dWLkhK_pmPLWH_uJc_xGg8Fww/s1600/Song+of+the+angels,+Willian+Adolph+Bouguereau.jpg” contém erros e não pode ser exibida.



Song of the angels, Willian Adolph Bouguereau

Este Natal tenho saudades
Dos que partiram de mim
Deixaram-me a solidão
O vazio do lugar
Na mesa da consoada.
E nunca mais vão voltar.

Às vezes queria poder acreditar
Que vou encontrá-los no céu
Ou em  outro qualquer lugar
Mas o Natal não mais será o mesmo
Pois já deixei de sonhar.
E se há um Menino Deus
Que a todos veio salvar
Menino Jesus, este Natal
Leva-me contigo
Para as saudades matar.
Daqueles que já partiram
E que tanto quero abraçar.

Sou filha e hoje sou mãe
Com exemplo para dar
Mas meu Menino Jesus
Custa-me tanto ver
O vazio daquele lugar.
E para não ficar assim
Um prato a mais na consoada
Menino Jesus, se entendes não me  levar
faz com que Alguém do Teu Reino
venha à minha morada
E faz como que a minha casa
por Ti seja abençoada.




15 dezembro 2011


O banco era de madeira  daqueles verdes, de jardim, a beirar o relvado inglês,  sentada  nele, passeava o olhar pelos tons de Outono que caíam em  redor como  uma espécie de enormes flocos de neve acastanhada. Meio perdido o olhar, ensombrado por  nostalgia,   tentava encontrar significado para o vazio que sentia.
Ultimamente a ideia da morte  invadia-lhe  a mente numa fracção de segundos, deixando uma sensação esquisita  que se esforçava por afastar .
Passava a vida a  esquecer que somos seres finitos. Interrogava-se como sentiriam aqueles que, pela ordem natural das “coisas” ou pela força das circunstâncias,  mais perto desse términos estariam; que pensariam?  Será que a natureza é benévola e nos  vai desprendendo suavemente de tudo aquilo que durante a vida  conquistámos, muitas vezes com sangue , suor e lágrimas?
A  vida tinha sido uma longa  viagem de  auto descoberta através dos meandros da natureza humana mais profunda; naturalmente estava atenta  mas a insatisfação interior era tanta, que nada parecia fazer sentido: sem afectos não valia nada!
E ela que sempre esteve pronta para amar, apenas encontrou no seu caminho pessoas com  imaturidade emocional: gente com medo da vida e do sofrimento que a mesma implica e sem coragem para mudar seja o que for, a fazer lembrar casulos com crisálidas mortas. E sem sofrimento não há renovação.
Seja como for há que continuar o caminho. Levantou-se e procurou o calor de um animado centro comercial:  lá dentro sentia-se mais reconfortada e depois sempre havia o brilho das luzes e o riso das crianças a tirar fotografias no colo do Pai Natal.

13 dezembro 2011


        

Moema,* 1866

Victor Meirelles (Brasil, SC 1832- RJ 1903)

Óleo sobre tela, 129 x 199 cm

MASP – Museu de Arte de São Paulo
"Dói muito o amor no Outono porque nos é agora evidente que andámos enganados, que temos que descobrir outra estrada e que, para isso, não é fácil arranjar companhia, nem sequer interlocutores: quase todos se acomodaram ao jeito daquilo que nos deram para a gente se vestir (...)" in O Riso de Deus de António Alçada Baptista, Ed. Presença.
 
Quando penso no assunto  sinto que estou a tornar-me  exímia nas minhas actuações embora saiba que é  um papel secundário. Ainda  não tinha nascido e já me estava destinado ser  personagem secundária nessa peça. E já não restam dúvidas que  a represento a preceito! Se na vida  há coisas que faço bem é, de facto,  representar este papel que me destinaram: coloco bem a voz,  tenho uma postura natural, entranho-me na pele da personagem, sempre  acompanhando com um sorriso  amável e  caloroso, tal como exige a personagem, e todos os dias vou laborando (no mesmo erro) o de fingir que eu não sou eu. Esta representação obriga a que, de cada vez que estou contigo – e tu és o meu público - não arrisco a revelar-te a imensidão dos conflitos internos – isso seria um autêntico falhanço. Há uma  epopeia em mim, uma luta gigante em que engulo palavras atrás de palavras e nunca chego a construir uma única frase com a minha real identidade.
        E tu a olhares-me como quem não me olha verdadeiramente, confortavelmente instalado nesse fauteuil. Eu, daqui, não te consigo enxergar, o brilho dos projectores cega-me por completo.  Tão pouco sei o que vês!  Verás tu  a personagem ou mulher que existe em mim? Talvez esta última  não exista. Mas quero que saibas que aquilo que eu dou é aquilo que acabo por ser, convencida da minha própria verdade ou da mentira - já não sei. E presenteio-te com esta esforçada actuação, feita com compostura e , sobretudo muita contenção – como todos os bons papéis exigem: nunca deixar emergir o nosso verdadeiro Eu.
Lá para o fim da encenação, e muitas vezes depois de já ter actuado,  ainda tenho algures a  esperança  - talvez vã - que  surja da parte dos espectadores uma daquelas estatuetas douradas ,  em forma de abraço (daqueles que em tempos existiram) – espécie de trofeu que consagre esta minha actuação. Uma estatueta com aquela que Rodin concebeu, não sobre "O Beijo" mas sobre , e acrescentou eu  sobre "O Abraço".
O tema desta personagem  que faço viver através de mim baseia-se no título  “Eu hei-de amar uma pedra” conhecida obra de Lobo Antunes. Pois é assim mesmo:  granito ou diamante,  não importa o grau de dureza , porque a personagem a quem eu dou vida  não consegue quebrar essa pedra -  encarcerada que está nas profundezas do Ser, uma obscura gruta que encerra uma jazida de diamantes – quanto trabalho até conseguir fazer dela uma peça única de joalharia. Para lá chegar não hesito em fazer da minha consciência um artífice: tornar-me ourives, sendo que essa mesma  consciência te busca e que dessa busca apenas encontra  dor, contudo sabendo-a certa e inevitável continua nessa procura frenética. Continuo deste modo a representar e tudo me parece  acabar bem….significando que um  dia nós dois seremos  pó cinza e nada! E todas as pedras do mundo se transformarão e servirão de berço para o nascimento de novas sementes .E porque só o nada poderá conter de novo o tudo.
Por agora vou retirar a maquilhagem e olhar-me no espelho – lá do outro lado outro alguém me perguntará : porque representas assim?



 *Entre as muitas histórias brasileiras, verdadeiras ou não, em que índios têm um papel importante, como guerreiros, aliados, conhecedores da mata, personagens de literatura, há grandes histórias de amor.  Dentre elas, uma em particular se firmou na  paisagem cultural brasileira: Moema. 

12 dezembro 2011

Passeios à beira rio


E porque a crise está instalada, passear na nossa cidade de máquina fotográfica em riste, captar o que ainda é de borla! Aproveitando  para vos desejar Festas Felizes.



 Apanhar o momento, que no momento seguinte. é outro: esperar que os vulcões entrem em actividade e ficar ali.....especada!

 
 









 E há lá coisa mais linda ???










07 dezembro 2011

Sobre o Amor

Saber de ti é sentir
Que a minha razão existe
E que dela nasce o amor
que a tudo e todos resiste .
Se o amor que eu te dedico
Outrora nasceu do desejo
Não se deixa agora comandar
Inunda-me por inteiro
Já não o possuo
É como rio revolto
Que tudo arrastando
À frente
Me enrola, e me asfixia
Como se fora serpente
E porque este estranho amor
Da minha razão nasceu
Logo após o nascimento
tratando de me trair
alienou o meu eu.
Roubou-me este coração
Que eu julgava possuir.
Agora que nada tenho
Nada possuo de meu
Alheada de mim mesma
E busco tudo o que é teu
Sem saber onde tu estás
Sei porque te pintam cego
encontro por fim a razão
do porquê de não ter ego.