17 novembro 2010

Outono

Rolos de folhas caídas
Secas, velhas, esquecidas
Entrincheiram o asfalto
A terra deste passeio
Onde adormecem sós
Os que ficaram no meio
Da tempestade passada
Do rasto da noite escura
À espera da madrugada
Do som da cotovia
Do cantar da alma
Encantada
Do canto da moura perdida
E no banco do jardim
Aquele ali solitário
Que espera um dia a visita
De um pássaro ensolarado
Que pouse, que descanse
Do seu voar fatigado.

Ana,
Vou voltando, devagar, conforme me dói cá dentro onde um estranho designio que me causa este sofrimento.
Alguém um dia me tocou e me deixou assim, neste sentir sem sentir, a esperar da vida a morte que  tarda em vir.
Talvez aí eu encontre a paz que há muito tempo perdi, talvez na morte encontre a vida que na vida não vivi.

2 comentários:

Arnaldo dos Santos Norton disse...

Que é isso ?... É o poeta a mentir ou é mesmo desespero ?

PM disse...

Já não vinha aqui há uns dias e afinal sempre houve regresso.
E o Outono é a estação das folhas caídas, mas não é de desespero. Antes da Primavera ainda vamos o ter o Inverno.
Petrarca.