28 fevereiro 2008



Hoje dei-me conta de que cheguei tarde
Cheguei tarde à estação
Ou seria apeadeiro?
Como é possível
Ter-te perdido assim?
Mesmo que corresse
Que saltasse
Apanharia sempre
Um combóio em movimento
Nada será como as viagens
Que tem principio e um meio
Meio, meio gostoso
O gosto da descoberta
Do lugar só nosso
Ainda não ocupado
Mesmo que te apanhe
Na estação intermédia
Será uma meia viagem
Incompleta, inacabada
Apenas porque não teve principio
Alguém ocupou o lugar que não era meu.
Alguém deixou nesse lugar
Uma memória
Um rasto
Uma pista
Uma folha de jornal
Que relata sobre a morte e sobre a vida
Caso político do dia
Daquele dia em que eu não estava
Porque a minha viagem era outra
Perdida no caminho
Para chegar
Ao apeadeiro
À estação
Onde te encontrei partindo
Sentindo-me intrusa
Abandonei-me!
Entreguei o bilhete a
Jesus Cristo
Ele que decida
Quem chegará ao fim!

20 fevereiro 2008

Menino Pastor


Créditos da imagem: www.fotodependente.com/img3890.htm

Para ti que um dia tornaste possível o sonho do menino pastor
Com o desejo que, o caminho escuro que vais trilhar seja um pequeno atalho,
e que encontres depressa o amanhã com luz brilhante de esperança,
Que Deus te guarde e te traga de volta a olhar de novo mil oceanos de verde e azul, na foz do rio de ouro e nas velhas canoas que tu tanto gostas.



Era uma vez um menino pastor.
Guardava cabras e ovelhas
Andava pelas cercanias da serra
Na companhia de ventos e das chuvas.
Não conhecia o mar
Apenas o azul imenso do céu.
Um dia chegaram gentes estranhas à aldeia
O menino pastor nunca tinha visto nada assim.
Traziam atrás de si , estranhas máquinas
Como se fosse espelhos onde se podia rever
De olhos vivos e curiosos olhavam ele, e os seus 3 cães
estes abanando as caudas, ladrando com desconfiança.
Medo do desconhecido, o do menino!
Prometerem-lhe tais gentes estranhas ver o mar.
O seu sonho era mesmo ver o mar
E , numa alegre manhã, partiu
conduzindo pela mão segura do seu pai
Em direcção ao distante oeste
Terras de mar sem fim.
Emudeceu de espanto
Perante beleza tamanha
Depois de tanto caminhar
Tanto olhar perdido
Sem saber onde poisar
Pediu ao pai que o ensinasse a ver
A compreender
Porque existia a serra e o mar
Mas, também o pai não sabia
Explicar a beleza do infinito
O azul era diferente
O verde não era verde
Também ele tinha crescido nas fragas enevoadas da serra
Por entre o estio do verão e as águas geladas do Inverno
Aquela era uma paisagem desconhecida
Sentados os dois na areia, de mão dada
Perdidos no mundo
Mas juntos no espanto
E na inocência
Do infinito que os juntou
Ali, naquele pedaço de areia

15 fevereiro 2008

Será que as declarações do Director Nacional da Policia Judiciária sobre o crime de madie são isentas?...Devem ser sim....

Será que as declarações do Director Nacional da Polícia Judiciária sobre o crime de Madie são isentas ...
ou têm um preço... veja-se o Diário da República da sexta-feira mais próxima da sua entrevista. Coincidência...?????
- Despacho n.º 3133/2008, D.R. n.º 28, Série II de 2008-02-08
Ministérios das Finanças e da Administração Pública e da Justiça
Atribuí ao director nacional da Polícia Judiciária, licenciado Alípio Fernando Tibúrcio Ribeiro, um subsídio mensal de residência -.....


1 - É atribuído ao Director Nacional da Polícia Judiciária, Licenciado
Alípio Fernando Tibúrcio Ribeiro, um subsídio mensal de residência
no valor correspondente a 50 % da ajuda de custo diária que competir
a funcionários com vencimentos superiores ao valor do índice 405 da
escala salarial do regime geral x 30 dias.


2 - O disposto no número anterior produz efeitos desde 10 Abril de 2006.



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"No final, nossa sociedade será definida não somente pelo que construímos, mas, pelo que nos recusamos a destruir." - John Sawhill.

12 fevereiro 2008

Um poema perfeito




Poema perfeito é
Aquele que faz sentir
A neve fria a derreter
Sob o sol da manhã.
Que faz sonhar com
O céu estrelado
E a noite de luar
Sobre a estrada.
É quando consegues ver
Em cada palavra
O nascer do novo ser
Que grita para vida
Num frenesim de medo
Por ter quebrado
As amaras do ventre materno
Em momento sublime de perfeição.
Poema perfeito é
O riso de menino
A cascata que canta
O rio que escorre mansamente
A flor que desabrocha.
Mas não sei fazer
Poemas perfeitos
Já não existe neve no meu país
Não existem estações
Há muito tempo que não nasce uma criança
As aldeias estão desertas e todos partiram
Deixando atrás de si , rastos de solidão
Pedras soltas, que rolam pelos montes.
Apenas os ventos ululantes
Raivosos , sombrios
Percorrem os caminhos semeados de ervas daninhas.
No velhinho cruzeiro
As almas perdidas reúnem-se à noite
Esperando pela eternidade
Presas no cativeiro do abandono
Sem flores nem velas
Que alumiem as lápides
Em cada manhã o astro rei renova a sua posição
Mas a esperança terminou
Porque o rio que outrora cantava alegremente
Calou-se para sempre
Sufocado com as ruínas
Das casas construídas com pedaços de fragas
Que a mão do homem amorosa e firme talhou
Um dia.
Apenas cortinas rasgadas
Acenam, pedindo socorro
Em cada um das janelas
Que ficaram para trás,
Mudas e quietas
Esventradas
Negras bocas
Pedindo auxílio
Sem som, sem cor
Esmaecidas
Sem letras.
O poema perfeito não existe
Apenas pedaços de palavras
Códigos indecifráveis
À mercê das intempéries
E de um tempo
Que avança sempre
Não sei para onde.