27 maio 2010

Do Blogue da Patricia - http://tita1989oliveira.blogspot.com/ - um textinho cheio de ternura sobre a minha "heroína fofinha!


"Hoje tinha que escrever, não por ti, mas em tua honra (pois sei que não és nada destas tretas lamechas =D) mas como eu comecei este blog numa de elogiar as coisas boas da minha vida, TU mereces estar aqui! Acompanhas-me no meu dia-a-dia, fazes papel de irmã, és o meu braço direito, a minha muleta ='DD que será da Patrícia de Oliveira sem a Inês Nunes de Oliveira?? Sim consigo viver sem ti, mas não quero =)
És das pessoas mais fortes que conheço e ver-te a fraquejar mexe comigo, não és desistente, nunca foste, és uma heroína fofinha!
Tem sido contigo que tenho aprendido muito, rido mais ainda e sorrido nem se fala =DD
Tens força, és linda fofinha!"

Senti-me mãe babada!!

26 maio 2010

Silêncio, solidão, tempo

Quantas vezes dizes ao silêncio
Que se cale?
Que não mais se faça ouvir
E que contigo fale
E que te faça sentir

Quantas vezes dizes à solidão
Que saia
Que não mais se faça sentir
E que te deixe fugir.

E ao Tempo?
Que te diz o Tempo a ti?
Que fujas com o silêncio
Com que me envolves a mim.

Tudo se gasta, mesmo a pedra
Só o silêncio não tem fim
Numa sempre eterna espera
Que tu olhes para mim

A solidão não tem fim
O pensamento também não
É como o infinito
Quando ergas os teus olhos
E deixas voar no tempo
E fazes das tuas mãos
Asas,
Que te libertam a voz
Que voa no firmamento

25 maio 2010

O Sonho

Algures numa vila perdida num país da velha Europa decorre a inauguração de uma capela tendo como padroeiro o mais recente santo, canonizado pela Santa Madre Igreja.
Foram meses de azáfama para preparar o espaço que em épocas remotas, entre outras utilizações, foi estúdio de revelação fotográfica, com as paredes impregnadas de substâncias tóxicas, que causaram a morte a vários empregados da família Abranches .Mortes misteriosas das quais nunca se conseguiu averiguar as causas,
Destinado que foi o espaço para fazer nascer a capela já em pleno séc.XXI, diziam os entendidos que só desta forma se poderiam apaziguar as forças do maligno que por toda a quinta se tinham espalhado.
Na vila, juntavam-se diariamente centenas de pessoas, confluíam dos mais variados pontos, para comercializar estranhos objectos servindo de móbil para o tráfico de passaportes e diamantes, já para não falar do tráfico de influências que se faziam dentro dos portões da quinta. A confusão era geral, mas havia sempre quem se orientasse em proveito próprio.
Após meses de carpintaria, pintura e retoques, foi chamado o Bispo para abençoar o espaço, congregando no pátio fronteiriço os fiéis que entoavam loas à Virgem; estes rezavam baixinho o Pai-Nosso, ao quatro pontos cardeais voltando-se sistematicamente, não para Meca, mas para trás e para os lados, para ver as modas, observar quem estava e subjacente a tudo isto um bixanar constante, quase que impedindo de ouvir o que o Bispo e seus acólitos diziam; o ar impregnado de Tabú e Chanel 5, as senhora nos mais ricos trajes domingueiros, não significando que fossem sempre de bom gosto, olhares finamente acutilantes para as vizinhas mais próximas(faziam lembrar o olhar de uma raposa), observando entre si quem era a mais bela do rebanho. Os cavalheiros cochichavam com voz baixa de matraca as últimas mudanças no regime que tardava em cair a muitos quilómetros dali.
No momento da benzedura, agitavam-se inquietos , como se incomodados com borrifos de água que se adivinhava fervente. O mal pairava no ar, a atmosfera estava pesada. Não obstante, a cerimónia continuou, algumas vezes interrompida pelo porteiro da quinta que se via aflito , em palpos de aranha para coordenar as viaturas que se queriam já estacionadas no interior da quinta e que tinham chegado fora de horas. Já não havia mais lugares, nem para uma carroça sequer, os burros já tinham entrado, acomodados nas cavalariças com a ração certa de palha, ruminavam na calmaria das grossas paredes de granito.
Depois da inauguração do oratório, seguiu-se o repasto, não gastronómico, mas um repasto de palavras que a todos foi servido; era um gáudio vê-los beber cada frase até à última letra, sempre de sorriso nos lábios, nunca perdendo a compostura, aguentaram firmes até ao fim da cerimónia. Se bem que eu conseguia vislumbrar alguns esgares de enjoo e quase vómito, derivados a tanta abundância de literacia que estava a ser servida. O discurso era fértil em adjectivos e também lugares comuns que acabavam em redundâncias.
A tarde chegou ao fim , deu lugar à noite e cada um, sentindo a seu modo, seguiu o seu caminho inchados de bem-estar e bençãos do santo padroeiro.
No dia seguinte, no pátio principal, a capela permanecia de portas abertas, com o santo padroeiro assistindo a uma estranha procissão , algures um alarido, que redundava em quase discussão. As gentes vizinhas ao saberem do oratório vieram visitar a quinta e deparavam-se com um insólito cenário: o ensaio de uma companhia de teatro africana que tinha sido construído com palmeiras e coqueiros em acrílico ocultavam a estátua do senhor de Abranches, ( antigo proprietário da quinta), que teimava em espreitar por de trás de uma longa folha verde e recortada! O batuque fazia-se ouvir, mas mais alto do que batuque, o sons nada distantes dos vendilhões de passaportes e diamantes ecoavam dentro do pátio principal; na minha memória ecoavam ainda os cânticos das Avé_Marias da véspera! Sentia-me tão confusa que já nem sabia de que terra era!!
Para meu espanto eis que surgiu de rompante um mercedes prateado, de alta cilindrada, conduzido por motorista, que avançou decidido , largando uma alta patente militar, neste caso um general de 5 estrelas, mesmo em frente ao oratório; e o senhor de Abranches querendo espreitar teimosamente entre o verde acrílico das palmeiras.
O batuque acelerou!! O general saiu do carro, espantado, não sabendo já muito bem se estava em África a entrar na sanzala do Gugunhana, a guerra parecia estar iminente, um calor sufocante fazia destilar os corpos. Acordei quase que sufocada, não sabendo muito bem distinguir a realidade da ficção. Fui espreitar o pátio.... e não é que as palmeira se o tambores estão espalhados pelo chão??! Do santo padroeiro não vi vestígios, acho que foi roubado durante a noite por uma qualquer seita praticante de magia negra.

17 maio 2010

Fantasias









Impression du Soleil Levant - 1873
(Museu Marmottan, Paris)
Quadro de Claude Monet que deu início ao
Movimento Impressionista

Para além da fantasia
Existem lagos azuis
Carregados de maresia
Minaretes a brilhar
Sempre que nasce o dia.
Cidades à beira-mar
Enluaradas de prata
Rios enevoados
A galgar o horizonte
Laranjais de sol poente
Brisas perdidas no monte
E no silêncio perfeito
O leve cantar da fonte
Que transbordando o negrume
Vai deitar-se no caminho
Desfolhando gota a gota
O teu suave perfume
O teu riso de menino.

12 maio 2010

Poetisas

Como pode alguém chamar
A este país, de Florbelas e Adílias?
Sem sequer saber sentir
Que nas nossas veias corre
Aroma de jasmins e buganvílias.
Sou passageira em viagem
Sempre em constante busca
Uma espécie de voragem
Uma estranha inquietação
Pouco me interessa quem chame
Se me sinto Gaspara Stampa
Irmanada na nudez e solidão.
Posso ser quem eu quiser
Fedra, Mariana ou só mulher
Auto-determinada para o Ser
Nesta errância da fatalidade.
Tenho assim por desígnio
Dolorosa e imensa tarefa,
Aperfeiçoar a arte de
Morrer Soror Saudade.
Não sem antes, ousar sonhar
Que sou Safo, que me corre
No corpo um frémito,
O coração bate apressado
Desfaleço e caio
E continuo a viagem
Sem ao fim ter já chegado.
Ah Soror Saudade,
Soror das Mágoas
Neste país a quem chamam
Das Adílias e Florbelas
Soubessem amá-las
E seria sim um jardim
À beira mar plantado.
Cheio das flores mais belas!