Nos teus olhos brilham estrelas
que iluminam a curva do horizonte
a tua boca a nascente
de um riso que secou na fonte
à noite sob a lua prateada
sou deserto a arder em fogo
no meio da escuridão
no meio de quase nada
E o nada me norteia
sou semente arrastada pelo vento
aprisionada na teia
E eu sei que de nada vale
andar no mundo a viver
esta estranha servidão
que me faz não esquecer
que outrora o deserto era verde
a água sempre a correr
nascia do riso dos teus olhos
e me fazia perder.
perdia-me assim, sem saber
para onde voava a minha alma
num lugar de renascer
vendaval, pirâmide, cume
cimo do monte
fantasias
e eu sonâmbula sem te ver
mas sentido, sempre sentindo
numa eterna vibração
a paz, a harmonia
da natureza a perfeição
Eras tu, era eu
Éramos nós
para onde fomos
nem o eco se faz ouvir
no deserto, na vazio da nossa voz.
@Maria João Nunes