27 agosto 2010

Uma história de encantar.


















(Imagem retirada da net)
Ao contrário de outras histórias de encantar, esta não se inicia com “era uma vez um príncipe...” ou com uma princesa adormecida, nem tão pouco  um príncipe com título herdado de seu pai que  possuía um reino imenso cativo nas mãos de um grão-vizir ou de um estranho feiticeiro ou mágico. Nada disso!
Parte da história  que aqui narro, tem inicio  num  dia em que o verão se preparava para fazer as malas e  rumar a outros horizontes, sem poder precisar o dia, mas algures em local secreto nasce o príncipe. Quando foi baptizado, vaticinaram-lhe longa vida e  coragem de guerreiro, sempre defendendo todos aqueles por quem se sentia responsável.
Na época ( e porque estas criaturas mágicas existem), uma fada tocou-lhe na fímbria do pequeno chambre bordado pacientemente pelas mãos da rainha sua mãe,  e murmurou numa fala quase inaúdivel, uma  quase oculta profecia : - Principezinho...  para encontrares o caminho da felicidade terás de olhar a planície e o sol a descer no acaso,  por muitos e muitos anos; todos os dias ele te dará conta de uma página do seu livro – ouve com atenção o que  tem para te ensinar! Depois, anos mais tarde, já adulto,  subirás a norte e encontrarás uma outra provação, mesmo que sintas receio, olharás o rio que passa por ti ao longe e, de novo,  saberás interpretar a missiva que as suas águas transportam.
Viverás num castelo, que as tuas próprias mãos construíram, mas que se tornará de dia para dia na tua própria prisão.
Tudo o que  confidencio aqui , nesta linguagem incompreensível para muitos, fará parte das provas a prestar para que te  tornes num digno representante de uma raça de  valentes guereiros, não pela linhagem de sangue , mas pela nobreza de carácter. Todo este percurso  será necessário para a  tua aprendizagem.
Haverá um fosso, de águas escuras e pestilentas, agitadas por demónios e criaturas horrendas, mas algo te será dado em determinado  dia, para que sintas confiança em ti mesmo e o atravesses seguro.
...
Passaram então os anos em voragem vertiginosa, o príncipe que já não era menino, tinha recebido da Senhora da Lua, pequenos fios de prata que lhe suavizavam o rosto, fazendo-o resplandecer pelo reino fora; a tal ponto que ofuscava as águas do rio e as ondas do mar. No seu peito vivia espelhado o brilho da  mesmo planeta e o aveludado da neve.
Num outro condado vizinho, havia uma princesa aprisionada, apenas tinha permissão de ver o brilho das estrelas, o sol tinha-lhe sido retirado por um homem vingativo e cruel que dominava todo território.
Todas as noites a princesa suspirava à luz da lua, desejando que o príncipe tivesse coragem para atravessar o fosso que rodeava o castelo. Quando havia lua-cheia, encontravam-se os  num tempo proibido aos dois. Era necessário ter cuidado com as forças que dominavam o príncipe! Só libertando-se um , o outro também poderia ser liberto!
Ambos cativos! Até que um dia, surgiu uma esperança renovada, uma espécie de criptograma para desvendar as páginas de um livro aberto, oculto numa praça a arder – chamavam-lhe a praça da Babilónia! Muitas gentes por ali passavam, mercadores, marinheiros, prostitutas , ladrões de almas e vendilhões do templo.
Havia que conservar a pureza e chegar ao mencionado livro sem  nenhum dos dois se deixar contaminar pelo chão lamacento que pisavam.
Muitas vezes a princesa deixava-se atemorizar, receando que o seu príncipe não conseguisse superar todas as provas. Mas sabiam que teriam de ter confiança um no outro.
Havia um espelho que os tinha visto aos dois, enlaçados e unidos como rocha e onda, como mar e terra, como planície e água. A princesa lembrava-se disso!! E queria voltar lá! Ouvir o príncipe dizer : - aqui é a minha casa, e tu és a minha princesa.
Vão rolar os dias, as semanas e os meses, um dia virá um dragão alado que entregará ao príncipe a parte restante da profecia, num tempo devido, sem descurar os que lhe são queridos e sob sua guarda e protecção; nesse dia o sol volta a brilhar para os dois e os risos e sentidos encherão quartos de tinta cor de laranja! Dormirão juntos no trigo dos campos maduros do verão.
E parte-se do principio que serão felizes para sempre....

19 agosto 2010

Voar

Há em mim um deus que dança
Que me anima, que me insufla
Este pedaço de querer
Este pedaço de esperança.
Quando entra e vem só ele
Fazendo jorrar as fontes
Quando do céu caiem gotas
Que lavam  os horizontes
A terra inteira ressoa
E se levantam dos montes
Os murmúrios ao ouvido
Do desejo renovado
De te sentir no meu corpo
O teu de seiva molhado
E renasces tu em mim
Eu por ti abro-me em flor
Quando és deus que dança
Esta dança do amor.
Somos do mundo senhores
Nessa frenética luta
De consumar o desejo
Que a só a nós  catapulta.
Eu sou arco e tu flecha
Disparada contra o vento.
Ergo-me ao firmamento
E tu levantas as mãos
E ensinas-me a voar
As minhas são tuas asas
E ficamos a pairar.



Un Parfum du Fin du Mond















A Morte do Pássaro de Fogo - Pintura à Óleo 1963 - Estilo: Expressionista ( pertença de Ivam de Almeida Garrett)
Dis, m'en veut surtout pas si ma chanson a un parfum de fin du monde.
Dis, on se reverra un café désert sans les cafés, les gares comment faire pour se retrouver demain
On s'endormira puisque tout sera le grand sommeil
Dis, T'en fait surtout pas si je vois déjà
Le premier oiseau d'un après guerre sur un fil de fer qui s'est barbelé au coeur des années
Now that I know your ins, that I guess my outs,
You're a part of me, couldn't do without you.
Dis, on se reverra un café désert sans les cafés les gares comment faire pour se retrouver demain.
Tu m'endormiras I may go to sleep
Je serai prêt
Hey don't you worry now
Si je vois déjà le premier oiseau d'un après guerre
Soon there'll be a pair lequel restera m'en veux surtout pas
Letra  de Michel Legrand

(Ah! Se eu fosse contar minha história....o mundo ficava mais triste. Mas há sempre um amanhã em que a alegria canta no galho verde de uma árvore.Hoje sou pássaro calado. Mal a madrugada chegue, visto as asas da cotovia e canto para te acordar.)

http://www.youtube.com/watch?v=zTtVFZOD_io&p=3A642C62F3646029&playnext=1&index=48

17 agosto 2010

Iniciação
















  
A Deusa Dionéia

Sinto-te agora  no aroma dos pomares!
Quando as minhas mãos saem para te colher
e te transformas em pantáculo.
E  trincas o verde doce da maçã.

Juntos somos quatro rios, correndo livres
Vela branca a ondular.
E somos luz a viajar , profecia realizada
sem máscara, fantasia consumada.
Em cima estamos nós, em baixo
e no centro.
Bem dentro de mim, cá dentro.
Dentro de ti, eu sou.
 Isís celeste, coroada
pelas tuas mãos tocada ( pela gnosis)
Voando com asas de águia.
Em baixo és arco-iris,  núvem
coluna de fogo a arder dentro de mim
Pássaro, deus, eu columbina, tu
arlequim.
E juntos fomos tudo, dois e um!
E o três até ao infinito.
E na minha pele ressoa agora
o eco, a imagem, o som
e de nós fizemos templo!
E de nós fizemos rito!

16 agosto 2010

Ego sum qui sum.

Se fordes cegos como Sansão, quando sacudirdes as colunas do templo, as ruínas vos esmagarão.
Para mandar na natureza, é preciso ter-se tornado superior à natureza pela resistência às suas atrações.
Se vosso espírito está perfeitamente livre de todo preconceito, toda superstição e de toda incredulidade, mandareis nos espíritos.
Se não obedecerdes às forças fatais, as forças fatais vos obedecerão.
Se fordes sábios como Salomão, fareis as obras de Salomão.
Se fordes santos como Cristo, fareis as obras do Cristo. Para dirigir as correntes da luz móvel, é preciso estar fixo numa luz imóvel.
Para mandar nos elementos, é preciso ter dominado seus furacões, seus raios, seus abismos e suas tempestades.
  • É preciso saber para ousar.
  • É preciso ousar para querer.
  • É preciso querer para ter o Império.
  • E para reinar, é preciso calar.



"Câmaras de Consciência"
Na sequência, a disposição das 12 Horas de Apolónio de Tiana:

Primeira Hora: "Os demónios entoam em conjunto louvores a Deus. Eles perdem a maldade e a ira”.
Segunda Hora: "Mediante a dualidade, os Peixes do zodíaco louvam a Deus. As serpentes ígneas enrolam-se em torno do caduceu e o relâmpago torna-se harmonioso”.
Terceira Hora: "As serpentes do caduceu de Hermes se entrelaçam três vezes. Cérbero escancara sua tríplice goela e o fogo entoa louvores a Deus pelas três línguas do relâmpago”.
Quarta Hora: "Na quarta hora a alma regressa da visita aos túmulos. É o momento em que as quatro lanternas mágicas dos quatro cantos do círculo são acesas. É a hora dos encantamentos e das ilusões”.
Quinta Hora: "A voz das Grandes Águas entoa ao Deus das Esferas Celestiais”.
Sexta Hora: "O Espírito permanece impassível. Ele vê o monstro infernal vir ao Seu encontro e está sem medo”.
Sétima Hora: "Um fogo que dá vida a todos os seres animados, é dirigido pela vontade de homens puros. O Iniciado estende a mão e o sofrimento transforma-se em paz”.
Oitava Hora: "As estrelas conversam entre si. A alma dos sóis responde ao suspiro das flores. A corrente da harmonia faz todos os seres da natureza se harmonizarem entre si”.
Nona Hora: "O número que não deve ser revelado”.
Décima Hora: "A chave do ciclo astronómico e do movimento circular da vida dos homens”.
Décima Primeira Hora: "As asas dos Génios movimentam-se com um misterioso rumorejar. Eles voam de esfera a esfera e levam as Mensagens de Deus de mundo a mundo”.
Décima Segunda Hora: "Aqui se realiza, pelo Fogo, a Obra da Luz Eterna”
Estas doze horas simbólicas, análogas aos signos do Zodíaco mágico e aos trabalhos alegóricos de Hércules, representam a série das obras da iniciação.
é preciso, pois, primeiramente;
1.° — Dominar as paixões más e forçar, conforme a expressão do sábio Hierofante, os próprios demónios a louvarem a Deus.
2.° — Estudar as forças equilibradas da natureza e saber como a harmonia resulta da analogia dos contrários. Conhecer o grande agente mágico e a dupla polarização da luz universal.
3.° — Iniciar-se ao simbolismo do ternário, princípio de todas as íeogonias e de todos os símbolos religiosos.
4.° — Saber dominar todos os fantasmas da imaginação o triunfar de todos os prestígios.
5.° — Compreender como a harmonia universal se produz, no centro das quatro forças elementares.
6.° — Tornar-se inacessível ao temor.
7.° — Exercitar-se na direcção da luz magnética.
8.° — Aprender a prever os efeitos pelo cálculo de ponderação das causas.
9.° — Compreender a hierarquia do ensino, respeitar os mistérios do dogma e calar-se diante dos profanos.
10.° — Estudar a fundo a astronomia.
11.° — Iniciar-se pela analogia às leis da vida e da inteligência universais.
12.° — Operar as grandes obras da natureza pela direcção da luz.
Eis aqui, agora, os nomes e as atribuições dos génios que presidem às doze horas do Nuctemeron.
Por estes génios, os antigos hierofantes não entendiam nem deuses, nem anjos, nem demónios, mas sim forças morais ou virtudes personificadas.


http://hadnu.org/dogma-e-ritual-de-alta-magia/suplemento-do-ritual/o-nuctemeron-de-apolonio-de-thyana

Tejo

10 agosto 2010

O Ladrão de Estrelas

O Tejo tem esta noite uma gargantilha de diamantes.
Quem lha ofereceu foi a linha do horizonte, que se deitou sobre ele. Espécie de colo de novela negra, uma Auá ebúrnea.
Vaidoso,  calmo e vagabundo.
Todos o olham e não é de ninguém.
Das margens, avisto de quando em quando, um fino estilete a marca-lhe as entranhas, pequeno batel
de luz vermelha a fazer lembrar um  rubi
que desliza sereno, talvez uma ínfima gota de sangue que jorre dolorosa.
Reflexos ígneos de um Conde de Monte Cristo, uma mão de finado que se ergue  da escuridão.
Sei pela luz que passa, e que risca o firmamento,  que  alguma estrela cadente se enamorou do rio e desce rápida ao seu encontro. Outras há que brilham ainda seguras lá no cimo. Ainda  distantes, ainda longínquas. Não importa onde estejam; um dia  um tempo virá,  em que todas as estrelas do meu  infinito virão banhar-se nele e o Tejo será  um eterno luzeiro a brilhar no caminho- Solitário, vagabundo e  seguindo até à foz. Sempre de uma beleza que se fosse humana seria insuportável, guardando o brilho das pratas. É talvez por isso que ainda não sou estrela cadente. É talvez também e ainda por isso, que me assemelho mais a um fino estilete. E rasgo-te a espaços amiúde, tentando entender de que é feito o teu veludo aquífero. E continuo a não entender o porquê deste equilíbrio entre nós dois. Tu aí altivo a correres-me aos pés e eu na margem a tentar agarrar-te os sonhos que levas para o mar.

09 agosto 2010

Phantera




















A meu favor
Tenho o verde secreto dos teus olhos
Algumas palavras de ódio algumas palavras de amor
O tapete que vai partir para o infinito
Esta noite ou uma noite qualquer

A meu favor
As paredes que insultam devagar
Certo refúgio acima do murmúrio
Que da vida corrente teime em vir
O barco escondido pela folhagem
O jardim onde a aventura recomeça.

Alexandre O'Neill

05 agosto 2010

Tu exististe mesmo?

Este blogue está aberto apenas a leitores convidados:  - a marca da impiedade.

"Há palavras que nos beijam como se tivessem boca" Alexandre O' Neill

Outras palavras há que nos queimam como brasa.
Na pele fica a marca indelével dosvidannia e na alma o desejo que a barca chegue e justifique a partida.  

Sonhei eu com versos dourados?
Poesia que vinha do além
Sonhei que Antero a tinha escrito
Que  os tinha destinado a mim.
Sonhei ontem,
Hoje procurei ansiosa, pelas páginas
Marcadas
Nada encontrei,
Será que enlouqueci
Ou então sonhei
Mas onde estão esses versos dourados
Que ontem certamente li?

"Antero de Quental suicidou-se porque a Vida se lhe apresentou indecifrável, nas tragédias, nas dores, nas desigualdades de destinos, que à sua filosofia positivista se afiguravam insanáveis injustiças. Depois do seu acto irreparável, verificou com assombro que a morte onde julgara mergulhar não existia e que a sua consciência continuava a viver com mais intensidade do que nunca (...) "

DEUS
(...)
Eu devia buscá-lo onde Ele mora:
Na sua perfeição da Natureza
E no esplêndido encanto  e na beleza
Do Céu, do Mar, da Luz, da Fauna e Flora.
Eu podia em cada hora
Nessa vida: no Amor e na Pureza,
Na Paz e no Perdão e na Tristeza
E até na própria Dor depuradora.

Mas eu andava cego e nada via;
E a Vaidade escolheu para meu guia
A Ciência falaz, enganadora!

Se o Guia fosse a Fé ou a Bondade,
Vê-lo_ia daí na Imensidade,
Como, em verdade, O vejo agora.
in  A Poesia do Espírito, Félix Bermudes , Lisboa 1958

03 agosto 2010

Sinais do Caminho - O meu muito obrigada a quem me trouxe de volta









Ilusões perdidas - Charles Gleyre.

O mar da Vida não está cartografado. Navegamos a maior parte das vezes à deriva. É um facto!
Neste  tempo que me foi concedido  a bordo, vivo  os dias e as noites que se sucedem sem interrupção. Noites de temporal , borrasca tamanha, alternando com noites  de brilho, lua cheia, redonda, imensa. Dias calmos, qualquer um diria,  dias arrastados, entediantes.
 No mês de Julho recebi sinais que não posso ignorar. Um deles foi o falecimento do Prof. Couto Viana. Introduzo aqui um dos seus poemas, convencida de que seja o ultimo. Na altura não soube ler os sinais...

Os poetas não deviam morrer no hospital. ( Digo eu)

“-Porque não chegas a velho,
Menino de mais de oitenta?
Nunca te vês ao espelho?
Essa imagem não te assenta?

-Não me assenta, na verdade.
Por dentro é que eu conto os anos.
Por fora o tempo e a saudade
Causam danos.

-Porque não sentes que vem,
Com passo lento e fatal,
Alguém
Lembrar-te os oitenta e tal?

-Sinto, sim! Mas com coragem:
Já tenho a mala aviada,
Pra iniciar a viagem
Ao tudo a partir do nada.

Na bagagem, o menino:
Que a velhice é para os velhos
E não se alcança o destino
De joelhos.

Não suporto nenhum se
( O coração não duvida)
E vou-me embora antes que
Me adiem mais a partida.

Poema inédito de António Manuel Couto Viana
(9.05.2010)
Viana do Castelo 24.Jan.1923 – Lisboa 08.Jun.2010

Em meados de 8 de Julho  Deus acordou-me – andava eu adormecida no batel.
Permitiu   que eu lesse para além do que está escrito. De que modo? Colocou-me um anjo no caminho para me abrir a mente. Esse anjo falou-me de sonhos, de viagens, barcos, caminhos a percorrer;  em simultâneo  mostrou-se  impiedoso, frio e distante. E eu não compreendia o sentido. Acreditava  que os anjos são seres benfazejos, surgem na nossa vida para nos proteger e alertar, quando partem não nos magoam e não deixam um rasto de destruição.
Em noite de lua cheia o anjo devolveu-me a minha alma, essa que eu tinha entregue algures. Tinha ficado combinado que na Eternidade ela me seria devolvida. Desejei no entanto que esse trato fosse anulado e, que de alguma forma, voltasse a reavê-la. Tal sucedeu de facto. Mas não foi tão linear assim. Ao receber de volta o que nunca deveria ter dado, tive de renascer com todas as implicações que tal processo acarreta.
Dei por mim a olhar a luz de um imenso candeeiro. À minha volta , caras ansiosas aguardavam que eu regressasse do limiar, do portal onde estive. É que eu tinha ido atrás do anjo. Ao contrário do poeta, ainda não estou pronta a partir. E também não quero esperar o meu destino de joelhos.
Depois desse regresso à vida, vieram-me parar às mãos os últimos livros de um caminheiro em final de trilho. Percebi a sua ânsia, a busca pela LUZ no CAMINHO.
Sou uma das fiéis guardiãs do templo que CV construiu. Muitos dos seus tesouros me passaram pelas mãos. Sinto o perfume dos seus livros envolvendo-me .
Para mim foi-me reservada a leitura da chave do caminho. Uma parte essencial do acervo está diante dos meus olhos.
No entanto, foi preciso que um anjo impiedoso me fustigasse com a ponta da asa.
Estou a começar a aprender que a vida é como uma ária musical. O intervalo entre as notas é que conta, não as notas em si.
Obrigada a António Manuel Couto Viana.
Obrigada ao anjo impiedoso.