23 março 2012



Espaço imenso, céu
Horizontes onde me evado
Rota de fuga, caminhos
Estrelas presas no alto
E o luzeiro a chamar-me
A abrasar-me
A consumir-me o alento
E eu olhando sem ver
Cega, estendendo as mãos
E só encontrando o vento.
Deus, estende o teu branco  manto
A fímbria do teu bordão
Deus dá-me um sinal
Que ainda existe o Perdão!
Espaço imenso, céu
Horizontes onde me evado
Rota de fuga, caminhos
Orienta-me Deus meu
Mostra-me os Teus desígnios.

11 março 2012

Rios de sal



“… e tu, sê uma bênção” (Génesis 12:2).

Outrora existiu um olhar feito de sal
Que me deixou marcas na pele
Rios brancos a correrem pelo areal
Muitos anos passados  e a recordação ficou
De quem para sempre a legou
Agora só quero o pôr do sol
E uma velha casa nas praias do sul
Bem perto do ocaso, talvez com uma foz
Onde eu possa descansar sem ver fantasmas
Sem ouvir a tua voz.
Talvez tivesse sido melhor não ter provado o sabor
Desses rios brancos de sal que me sabem a desamor
E agora que as noites são tão maiores que os dias
E os dias custam a passar
Quero apenas o pôr do sol para me deixar encantar
Fecho os olhos e sonho que o calor morno que sinto
Me vem do nosso abraçar.