15 janeiro 2007

Um Castelo de Sonhos

Quando era criança construía castelos de areia
A Cada Torre erguida sonhava com um futuro perfeito
Ainda procuro por estes sonhos, os quais meu coração anseia
Mas o mundo é complicado, as pazinhas não moldam do mesmo jeito
Dos homens, que não se importam se algum dia, o mundo pode ser perfeito
Corações vazios, sentimentos depositados na mente,
Mentes abarrotadas, então, disto, sem espaço algum para a verdade
É preciso ser céptico, as coisas se complicaram demais pra se entender,
Instinto animal, devorar a quem está ao lado, ódio é tudo o que sobrou.
Não eram estes os sonhos que depositei nas torres,
A felicidade às vezes se porta como colhidas flores,
Enfeitam a princípio, mas quando o tempo passa, é inevitável, murcham,
Sem a seiva que nutre as pétalas, assim murcham aqueles que não amam
Hoje sei qual foi o meu grande erro na infância,
Descobri, afinal, o que me provoca tamanha ânsia,
Sonhos não devem ser depositados em torres de castelos
Mas vividos, de forma forte para que nada possa romper seus elos.

Alma Quântica

Matéria e espírito reagindo entre si, energias construindo a realidade.
O principio da vida e fruto de uma confluência de probabilidades quânticas unidas pela vontade da consciência, e essa e a alma quântica.
O filosofo Alberto Cabral falou conosco sobre as conexões ocultas entre a física e a alma.Estudioso vem erguendo novos alicerces, tanto na física quântica quanto nos campos mais avançados das ciências espiritualistas, para reunir numa visão holística os conceitos de ambas, oferecendo uma explicação para os vários níveis de existência em nosso universo.Para tanto, e importante retomar os conceitos da física - unidos à filosofia para dai tirar um corpo coeso de propostas e idéias que contornem os obstáculos e estabeleçam um novo conjunto de conceitos psicofisico-espirituais, permitindo ao ser humano atingir novos níveis de consciência.Alberto Cabral, graduado em Filosofia e criador do Centro de Estudos Filosóficos Laboratório Evolutivo (CEFLE), esta desenvolvendo suas pesquisas e buscas justamente neste sentido. Com profunda formação nas ciências exatas, ele também buscou nos estudos filosóficos as respostas para suas inquietações, descobrindo que na união do conhecimento cientifico e da espiritualidade surge um campo vasto e inovador.Antigamente, quando se falava sobre qualquer parte do conhecimento humano, de alguma maneira ele estava ligado à filosofia. A separação real do conhecimento científico, do espiritual e do filosófico de seu quando o que nós chamamos hoje de idade Moderna tomou o lugar da Idade Média. Teve início uma visão antropocêntrica na qual o homem, e não mais Deus, ocupava o centro do universo. Mudou a visão, a maneira de enxergar o mundo, e o conhecimento não podia estar submetido às crenças; ele precisava ganhar liberdade e fugir das paredes dogmáticas da religião. Na Idade Média, todas as ações eram fruto da vontade divina; do movimento da roda ao surgimento das doenças, tudo estava conectado aos destinos ocultos de Deus. Ao romper com essa linha de pensamento, os cientistas e pensadores conduziram a razão à posição de mediadora do saber.Essa posição de destaque para a lógica e para a razão permitiu que a ciência avançasse rapidamente sobre os terrenos antes ocupados pela fé. Todavia, com o tempo, a própria ciência estabeleceu dogmas, e tudo quanto é ligado à fé adquiriu um caráter negativo, sofrendo no processo uma perseguição tão feroz quanto à Inquisição católica.Mas nos últimos cinqüenta anos, aconteceu um fato curioso. Vários pesquisadores, de diversos campos da ciência, iniciaram pesquisas importantes buscando soluções interdisciplinares, que abarcam tanto as explicações ligadas à própria ciência (medicina, física, sociologia, biologia, entre outras) como as ligadas à fé e à figura de Deus. Também nesse espaço de tempo a busca pelos conhecimentos das sabedorias antigas se tornou importante, com uma revalorização das sabedorias hindu e chinesa, entre outras.O que está havendo, ultimamente, é um grande afluxo de pessoas da área científica buscando embasamento na área espiritual. “Há quem diga”, exemplifica Alberto Cabral, “que o mundo só é visível porque, na verdade, há um preceito matemático na criação que realiza o mundo. Isso é uma maneira de enxergar. Mas se existe um preceito matemático, de onde ele vem! O preceito matemático está além da matéria; então, ele seria um preceito espiritual, espiritual-matemático. Se você tentar separar não tem como. Fica um vazio no meio, uma vala. Não há como você separar o espiritual do físico no dia-a-dia. Mas, na mente, a gente separa por preconceito, por educação. É um conceito que foi embutido pelo meio ambiente, pela cultura de que as coisas estão separadas. Integralmente, você é um ser com um corpo físico e com preceito espiritual, com princípio espiritual”.A FÍSICA SE USE À ESPIRITUALIDADENo campo da consciência, mas é uma conexão que existe além da matéria, além até do que muitos chamam de matéria espiritual (ou matéria sutil); é um princípio, é a substância mais íntima do universo, como se fosse um “DNA” do universo. Essa consciência teria uma única função no universo, que seria existir, simplesmente existir; ela seria fruto de “algo” que muitos classificam como Deus. Na verdade, tal “consciência” estaria mais próxima do conceito chinês do Tão, ou da iluminação no Zen, pois não existiriam palavras para descreve-la pura e objetivamente. Ela seria o motor por trás de todas as coisas que existem em nosso universo.A consciência não é a mesma coisa que o pensamento, como poderíamos supor; ela é o que está por trás do pensamento, por trás da energia ou da matéria. Contudo, essa consciência interage com o universo de várias formas, pois ela é tão imaterial que precisa de um meio para existir e exercer sua ação; nesse instante, temos a ação do pensamento, do espírito e da matéria.Essa consciência participa da fabricação do que nós chamamos de espaço e tempo (segundo as bases teóricas da Mecânica da Relatividade de Einstein, todo o universo é formado por uma teia de relações físicas relativas entre si, conhecida como espaço-tempo) e, a partir desse estado de energia e dos potenciais em todas as esferas e existência (mente-corpo-espírito), cria a realidade material sensível aos nossos sentidos.Essa criação da realidade material passa por uma série de etapas, nas quais cada parcela dessa “vontade” adquire características, absorve energias e molda o espaço à sua volta para fazer parte dos diversos níveis de percepção. O mundo espiritual é um meio que guarda uma certa capacidade de “ser”, isso é, no mundo espiritual, existem as diversas possibilidades de todas as coisas que estão para surgir em nosso mundo material, desde o reino das fadas até as maiores realizações da ciência. Contudo, essas potencialidades, embora possuam uma certa “densidade”, não são “matéria”. Para surgirem como tal precisam de mais do que isso; precisam de algo que as traga para o plano físico. CABRAL DIZQue o mundo espiritual seria uma das etapas de “densificação da consciência” - como explicado acima. Na verdade, podemos explicar esse conceito segundo as bases da física quântica, pois existiria um aumento das probabilidades, o que resultaria na densificação da “idéia” em matéria (na física quântica, tudo é medido segundo probabilidades de “algo” acontecer, ou seja, quanto maior a porcentagem nas equações, maiores são as chances daquilo se manifestar no mundo físico).Exemplificando, o mundo espiritual seria um mundo que tem um certo grau de probabilidade de existir; um grau menor de probabilidade em relação ao nosso, mas ainda assim é um grau de probabilidade, que produz resultados num meio de menor densidade (nas esferas sutis, muito relatam que, ao pensarem em algo, o meio ambiente se modula e constrói algo semelhante ao que foi imaginado), ou seja, uma matéria menos densa, algo que chamamos “mais sutil”.Sabemos que existem probabilidades das coisas acontecerem; a “consciência” consegue atuar sobre tais probabilidades independentemente de existir matéria ou não. A “consciência” gera novas probabilidades para interagir com o mundo físico.Ela vai atingindo gradualmente o plano físico, gerando um campo crescente de probabilidades, aumentando progressivamente sua influência. Nesse ponto, ela atinge o plano mental, depois o espiritual e, por fim, o plano físico.Nesse instante, entramos no polêmico Paradoxo de Young (elaborado pro Thomas Young [1773-1829]. Segundo esse paradoxo, quando uma experiência é registrada, na verdade ela é influenciada pelas expectativas dos pesquisadores; portanto, os resultados finais refletiriam o que os observadores “desejariam”). A questão do observador é central nas pesquisas quânticas, pois quando se analisa uma partícula, o comportamento dela é determinado pela maneira pela qual é observada. O observador tem o poder de modificar o estado físico da experiência. O grande problema da física quântica é responder de onde vem o poder do observador.O interessante disso, segundo Alberto Cabral é que o observador determina o resultado no momento em que olha; enquanto o observador não olha, não se pode dizer o que está acontecendo; é o observador que está determinando a realidade. É a “consciência” determinando a realidade. Para a física, isso é algo inexplicável. Nessa proposta da “física espiritual” desenvolvida por Cabral, é a consciência que determina as probabilidades. Quando a “consciência” olha, ela determina as probabilidades e estabelece um padrão no universo para aquele evento singular. Aquilo que é observado passa a existir, de uma determinada forma, até deixar de ser observado. Nesse ponto, cruzamos com a teoria do universo que é proposta no livro o Universo Autoconsciente, do físico indiado Amit Goswami. Nessa obra, temos relatos de experiências que os físicos fizeram em laboratórios renomados e com grande acuro científico dizendo que, quando as coisas não são observadas. A matéria se torna difusa se “algo” não é pensado ou observado longamente.AS MATERIALIZAÇÕESSão explicadas da forma simples a partir dessas observações. Existe tanto a materialização feita pela consciência lúcida (evoluída e espiritualmente plena), quanto a materialização feita por volume de insistência (quando muitas pessoas desejam a mesma coisa). Alberto Cabral diz que a materialização através da física espiritual acontece da seguinte forma: se muitas pessoas pensam em algo ela aceleram o processo de densificação para que aquilo aconteceça ou exista.Contudo, existem materializações que fazem uso de ectoplasma, que é um material intermediário. O ectoplasma é formado a partir de tecidos cedidos por um corpo que, vibrando num determinado estado eletromagnético, pode ser reorganizado fora do corpo como matéria. É dessa forma que surgem as materializações a partir do ectoplasma.A partir da física espiritual, ainda podemos ter explicações para grandes fenômenos, como é o caso relatado numa das edições sobre a vida do sábio Yogananda, na qual ele conta experiências de materializações do guru indiano conhecido como Babaji (uma figura lendária e tida como um dos grandes mestres espirituais da Terra. Sexto Sentido 7).Nesse relato, Babaji faz aparecer um castelo, que teria por objetivo servir como alicerce para uma experiência espiritual de um discípulo. Essa materialização não foi feita com o ectoplasma, mas a partir da própria estrutura do universo. A consciência de Babaji emitiu aquele pensamento ou sentimento; então, as probabilidades colapsaram e atingiram um nível crítico, produzindo a transformação da realidade material e o “aparecimento” do castelo; e se fez matéria. Quando a experiência acabou, ele eliminou o pensamento de sua mente, pois havia cumprido sua função, e a matéria se desfez.Para a física quântica, o universo é formado por esses “potenciais de ser”. Generalizando, podemos afirmar que somos uma “espuma quântica”, unidades básicas de potencial formando toda uma “espuma” de probabilidades, e essa espuma tem a capacidade de “realizar” matéria, de fazer com que a matéria exista.Essa é uma explicação viável. O que chamamos de paz interior e amor (como emoções e estado de espírito) é o que na física vemos como ordenação e interação compreensiva; a capacidade de fazer com que as coisas aconteçam.Existe uma expressão conhecida na ciência como “potencial do vácuo”. O vácuo absoluto tem potencial de ser qualquer coisa. Alberto Cabral explica que “se você observa passivamente uma região do espaço de vácuo absoluto, você tem um potencial de produzir qualquer coisa momentaneamente, pois o vácuo sobre picos de interferência dos observadores e ele quase vira matéria, mas por falta de ordenação interna, não vira”.Isso significa que se alguém estiver olhando para aquela região e emitir um sentimento de que ali deve haver algo, esse algo aparece em algum dos planos de existência. Se a pessoa tiver ordenação interna e essa ordenação não sofrer flutuações de intensidade, o desejo da pessoa se torna real, material, tangível. Portanto, o que chamamos de materialização não está restrito aos eventos paranormais; na verdade, faz parte dos conceitos mais profundos da física e da espiritualidade, ao alcance de todos.PARTINDO destes conceitos podemos imaginar que todas as formas de vida influenciam a realizada e produzem elementos que tornam sua densidade(como seres materiais) maior ou menor. Isso se reflete no modo de Alberto Cabral encarar o fenômeno conhecido como Nova Era. Segundo seus estudos, ele vê a Terra como um ser vivo, muito mais velho que seus habitantes.Como ser vivo, a terra possui uma consciência que atingiu tal grau de maturidade que sua índole fez com que ela tivesse um desejo de compartilhar vida de uma maneira diferente. É um “ser” que virou um planeta. Ela atingiu tanta maturidade que se densificou, gerando uma curva gravitacional em torno do seu potencial e, assim, agregando a matéria e a energia que a transformariam em planeta.Também aproximou as consciências que estavam por aqui e que formaram os outros planetas. Gerando esse colapso de matéria, criando curvas de espaço-tempo em torno da própria “consciência”, quis compartilhar vida. Contudo, para entendermos a Nova Era, devemos compreender que existem coindições externas ao sistema solar que fazem com que a própria estrutura de espaço-tempo varie em torno de nós. Simplificando os conceitos matemáticos e físicos da questão; existe uma grade gravitacional (tanto materialmente como espiritualmente), que atua a grandes distâncias sobre nós, fazendo com que o espaço-tempo ao nosso redor mude de densidade em certos pontos. O sistema solar, segundo as experiências obtidas por Alberto Cabral, está se dirigindo a uma região com um pouco menos de densidade.O que isso significa! Que os seres conscientes da Terra irão precisar de uma quantidade menor de probabilidades para formar matéria física. A cada dia que passa, a matéria vai ficar um pouco mais sutil, porém o plano espiritual não está ficando mais sutil; na verdade, nós estaríamos nos aproximando mais da densidade que existe no plano espiritual. Nós estaríamos ficando mais sensíveis, e é isso a Nova Era. Não será uma época na qual nos será dado tudo o que queremos, sem darmos nada em troca. O planeta está caminhando para um nível maior de sensibilidade; então, para reencarnar na Terra, a pessoa já precisa ter uma certa maturidade para lidar com essa sensibilidade, com essa nova forma de matéria sutil.VÁRIOS ASTRÓLOGOSE profetas preconizaram tais mudanças. A ida para uma Nova Era é fruto do percurso físico e espiritual do planeta. O que ocorre é que devemos analisar qual a condição espiritual de cada um e como lidar com esse processo.Alberto Cabral diz claramente que a física apresenta limites ao espírito. Se a pessoa está desequilibrada emocionalmente, ela te uma sintonia ruim entre os seus sentimentos e a realidade. Então, ela gera pensamentos e emoções de uma densidade maior (como raiva, tristeza, ódio, entre outros); nesse caso será atraída para um planeta de densidade maior.Exemplificando, é como se estivéssemos num planeta óleo, e ele vai virar planeta água (água e óleo não se misturam), e que não for da densidade correta vai ficar preso no óleo. Se você não sutilizar sua maneira de pensar, o seu amor e o seu carinho ficarão presos. Isso está muito além de um deus, de um Bem e um Mal, pois tais julgamentos são transitórios e incompletos; mudam conforme as eras e conforme os homens, não sendo absolutos. A natureza não impõe julgamentos de valor, não manipula; simplesmente existe. E as condições da natureza dependem da maturidade de cada um, como reage à vida e como atua segundo sua consciência.Esse pensamento permite explicar certos aspectos das questões cármicas, por exemplo. Se você se submete a um conjunto de regras negativas que levam a um certo comportamento por hábito, está num caminho intermediário, porque tem a liberdade de agir fora do seu hábito e quebrar o ciclo, mudando a densidade das suas ações, dos seus pensamentos.Contudo, aqueles que seguem determinados comportamentos por medo, como aquele que não mata por ter medo de Deus, na verdade possui todo o potencial letal dentro de si, e o desejo de matar não está resolvido. Nesse caso, é necessário avançar nos estudos espirituais e de compreensão pessoa no respeito à vida e às relações das consciências no universo.Sendo assim, podemos dizer que tanto as consciências como a própria matéria, em seus mais diversos níveis de densificação, é que construirão uma Nova Era, sem julgamentos divinos; apenas o exercício das mais profundas relações naturais, das chamadas leis universais, geradas no princípio de tudo, pela “consciência” primeira: O Verbo.
Notas: Extraído da revistas Sexto Sentido 44; páginas 26-32

Não há Felicidade Solitária

Não há Felicidade Solitária

É a fraqueza do homem que o torna sociável; são as nossas mi­sérias comuns que levam os nossos corações a interessar-se pela humanidade: não lhe deveríamos nada, se não fôssemos homens. Todos os afectos são indícios de insuficiência: se cada um de nós não tivesse necessidade dos outros, nunca pensaria em unir-se a eles. Assim, da nossa própria enfermidade, nasce a nossa frágil fe­licidade. Um ser verdadeiramente feliz é um ser solitário; só Deus goza de uma felicidade absoluta; mas qual de nós faz uma ideia do que isso seja? Se algum ser imperfeito se pudesse bastar a si mes­mo, de que desfrutaria ele, na nossa opinião? Estaria só, seria mi­serável. Não posso acreditar que aquele que não precisa de nada possa amar alguma coisa: não acredito que aquele que não ama na­da se possa sentir feliz.
Jean-Jacques Rousseau, in 'Emílio'

As Estâncias de Dzyan





As Estâncias de Dzyan
É dificil saber quem foi o primeiro a fazer alusão a um livro trazido aos indianos e proveniente do planeta Vênus. Parece ter sido o astronomo francês Bailly, no fim do século XVIII , mas é possivel que haja referências anteriores.
O francês Louis Jacolliot, no século XIX , parece ter sido o primeiro a batizar esse livro de As Estancias de Dzyan. Desde meados do século XIX , pode-se notar uma série de acidentes acontecidos a pessoas que pretenderam possuir essas estancias. Mas foi com a ascenção e queda de Madame Blavatsky que a história das Estâncias de Dzyan apareceram em toda a sua extensão.
É dificil falar de Madame Blavatsky (M.B.) de maneira imparcial. As opiniões são muito divididas , e as paixões mesmo em nossa época, ainda são violentas. O melhor livro, em francês, sobre o assunto , foi escrito por Jacques Lantier: "A Teosofia" (CAL) . Falarei de Madame Blavatski somente o que me parece necessário para compreender a história fantástica das Estancias de Dzyan .
Helena Petrovna Blavatsky nasceu na Rússia em 30 de julho de 1831, sob o signo de múltiplas calamidades. Desde o seu batismo , a coisa teve inicio: a casula do sacerdote pegou fogo e ele ficou gravemente queimado, e muitas pessoas que assistiam feriram-se, tomadas de pânico. Após esse brilhante começo, desde a idade de cinco anos, Helena Blavatsky espalhava o terror em torno de sí, hipnotizando seus companheiros de brinquedo: um deles se lançou no rio, afogando-se.
Com a idade de 15 anos começou a desenvolver os dons da clarividencia, inteiramente imprevistos, e passou a descobrir criminosos que a policia era incapaz de desmascarar. A loucura começou a espalhar-se e queria-se colocar a jovem na prisão até que fornecesse de suas atividades e de seus dons racionais. Felizmente a familia interveio: casaram-na, pensando que se acalmasse , mas ela escapou e embarcou em Odessa para Constantinopla. De lá chegou ao Egito. Uma vez mais, voltamos às mesmas pistas do primeiro capitulo: O Livro de Toth , as obras que escaparam do desastre de Alexandria.
Fosse como fosse , no Cairo , Madame Blavatsky viveu com um mágico , de origem copta, grande letrado muçulmano . Este lhe revelou a existencia de um livro maldito , muito perigoso , mas que ele lhe ensina a consultar por clarividencia. O original, segundo o mágico, está num mosteiro do Tibet. O livro chama -se As Estancias de Dzyan.
Segundo o mágico copta , o livro revelaria segredos provenientes de outros planetas e referentes a uma história de centenas de milhões de anos. Como disse H.P. Lovecraft: "Os teólogos anunciam coisas que gelariam o sangue de terror se eles não as enunciassem com um otimismo tão desarmante quanto beato" Desejou-se procurar a origem dessas estâncias . Meu amigo Jacques Van Herp crê ter encontrado uma num obscuro artigo do "Asiatic Review" que Madame Blavatsky , provavelmente , não teve nunca ocasião de consultar.
Pode-se dizer, ao menos, que Madame Blavatsky, cuja imaginação era sempre muito viva, deixa-se levar por relatos fantásticos que corresponde a uma tradição muito antiga. Se levarmos a hipótese ao máximo, podemos imaginar qualquer coisa . Casos de clarividencia excepcional existem. Outro bom exemplo disso é o de Edgard Cayce ( Ver obra de Joseph Millard : "L'homme du mystére, Edgard Cayce") , Que Madame Blavatsky tenha lido , realmente pela clarividencia , uma obra extraordinária, não é talvez , de todo impossível.
Mais tarde ela pretenderá possuir , sob a forma de um livro essas Estancias de Dzyan. Deixando o Cairo rumou a Paris , onde viveu dos subsídios do pai. Depois em Londres, depois na América, onde tomou contato com os Mormons e estudou o Vudu.
Depois disso , tornou-se assaltante no faroeste - não exagero , é histórico. Voltou depois a Londres onde pretendeu encontrar um certo Kout Houmi Lal Sing ( Mestre Kutumi) . A propósito desse personagem , quatro hipóteses foram emitidas.
1. Só existiu na imaginação de Madame Blavatsky.
2. Jamais existiu mas era a projeção de forças mentais provenientes de adeptos que viviam na Ásia.
3. Era um hindu, agente de uma sociedade secreta que manipulava Madame Blavatsky para faze-la instrumento da independencia da India. Tal tese parece preferida por Jacques Lantier que é policial de profissão.
4. Esse personagem era agente do Serviço de Inteligencia.
Essa quarta tese se encontra na literatura soviética onde Madame Blabatsky é considerada , como todo seu trabalho, como um instrumento do imperialismo inglês.É interessante notar que um século depois desses acontecimentos, depois de milhares de artigos e centenas de livros, nada se tenha conseguido saber sobre esse personagem designado pelas iniciais K. H. Estamos no terreno das conjecturas, mas não é excluso afirmar que as quatro hipoteses propostas sejam todas falsas.
Seja como for , K.H. manteve correspondencia com Madame Blavatsky . Uma parte destas cartas foi publicada . Entre outras coisas , falava do perigo das armas construidas com energia atômica, e da necessidade , consequentemente , de guardar certos segredos . Isto há cem anos ! Encontra-se um eco dessas cartas no romance de ficção cientifica de Louis Jacolliot "Os devoradores de fogo" onde se assiste já à conversão da matéria em energia.
Tais cartas contém muitas outras coisas . À medida que as recebia , Madame Blavatsky , mulher inculta cuja biblioteca era composta de romances baratos comprados em estações de trem, tornava-se , bruscamente , a pessoa melhor informada do século XIX, no que concerne às ciencias. É ,suficiente ler livros como A Doutrina Secreta , Ïsis Desvendada,O Simbolismo Arcaico das Religiões. livros esses que ela assinou , para constatar uma imensa cultura que ia da linguistica ( ela foia aprimeira a estudar a semântica do sânscrito arcaico) até fisica nuclear, passando por todos os conhecimentos de sua época, da nossa, e por algumas ciências ainda não inventadas.
Pode-se alegar que seu secretário George Robert Stow Mead era um homem de grande cultura. Mas Mead só encontrou Madame Blavatsky em 1889 e não ficou com ela senão os três últimos anos de sua vida. De mais a mais , se esse antigo aluno de Cambridge conhecia muito bem os problemas relativos ao gnosticismo, não tinha essa cultura universal tão avançada para a época que se manifestava na obra de Blavatsky.
Esta pretendeu sempre que suas informações provinham das Estancias de Dzyan, que ela consultara à diistância, primeiramente , e que depois recebera dos indianos um exemplar. Não se sabe onde ela teria aprendido o sânscrito: isto faz parte do mistério.
Em 1852 , Madame Blavastky voltou à India , rumou depois para Nova York e viveu novamente no faroeste. Em 1855, novamente em Calcutá , depois tentou penetrar no Tibet: impediram-na com energia. Começou então a receber advertencias : se ela não restituisse o exemplar das Estancias de Dzyan , uma infelicidade se abateria sobre ela. Com efeito , em 1860 ela caiu doente. Durante três anos perambulou pela Europa como se estivesse sendo perseguida.
Em 1870 voltou ao Oriente , a bordo de um navio que atravessou o Canal de Suez , que acabava de ser aberto. O navio explodiu . Diz-se que transportava pólvora para canhão , mas isto não está provado. A maior parte dos viajantes foi reduzida , em todo caso, a poeira tão fina que nem se achou mais vestigios de seus cadaveres. A descrição da explosão lembra mais antes a de uma bomba atomica, que outra coisa. Madame Blavatsky escapou miraculosamente.
Tentou depois, em Londres , dar entrevista coletiva à imprensa. Um louco(?) atingiu-a com tiros. Declarou , em seguida, que fora teleguiado , precedendo , assim, Lee Harvey Oswald , Shirhan Shirhan e Charles Mason.
Madame Blavatsky escapou, mas ficou terrivelmente assustada. Organizou outra entrevista coletiva para apresentar as Estancias de Dzyan, pensando , assim suprimir a ameaça . Mas o manuscrito desapareceu . Desapareceu de de um cofre-forte, moderno para a época, que se encontrava num grande hotel. Madame Blavatsky é então persuadida que luta contra uma sociedade secreta extremamente poderosa. O episódio principal dessa luta deveria desencadear-se alguns anos mais tarde, quando Madame Blavatsky encontrou na América , Henry Steel Olcott , homem de negócios, que se dizia coronel, comomuitos de sua época , notadamente Búffalo Bill.
Olcott se apaixonou pela estranha . M. Blavatsky lhe pareceu fascinante . Fundou , então , com ela, um "clube de milagres". Depois disso, uma sociedade que quis batizar como sociedade egiptológica. Depois de muitas advertencias, o nome foi mudado para "Sociedade Teosófica". Estamos a 8 de setembro de 1875. Os sinais e prodigios logo se manifestaram. A sociedade quer incinerar os restos mortais do Barão de Palm, improvável aventureiro, membro desta sociedade . A cremação é novidade, principalmente na América. ë preciso uma autorização especial para a sociedade teosófica construir um forno crematório. Quando lá foi posto o cadaver do Barão de Palm, seu braço direito levantou-se para o céu , em sinal de protesto. Ao mesmo tempo , no mesmo instante, um incêndio gigantesco apareceu no Brooklyn : um grande teatro queimou e duzentos nova-iorquinos morreram. A cidade inteira tremeu.
Ao cabo de algum tempo , decidiu-se que o Coronel Olcott e Madame Blavatsky partiriam para a Asia a fim de entrar em contato com os grande mestres da Loja Branca. A missão era encarada tão seriamente pelo governo dos Estados Unidos que, quando da partida, em 1878, o Presidente Rutherford Hayes designou Madame Blavatsky e o Coronel Olcott como seus enviados especiais, deu-lhes ordens da missão assinadas e passaportes diplomáticos. Tais documentos evitariam que, mais tarde, eles fossem mantidos presos na Ïndia , pelos ingleses, como espiões russos; só faltava a espionagem nesta história, aí está. Em 16 de fevereiro de 1879, a expedição chegou à India . Foi recebida pelo Pandit Schiamji Krishnavarma e outros iniciados. Aspecto menos agradável da recepção; todos os documentos e dinheiro dos viajantes foram roubados na chegada. A policia inglesa reencontrou o dinheiro , mas jamais os documentos.
É o começo de uma guerra sem quartel que terminará catastróficamente. As prisões e interrogatórios policiais se sucederam. O Coronel Olcott protestou , exibiu a carta do presidente dos Estados Unidos e escreveu: "O governo da India recebeu falsas informações a nosso respeito , baseadas na ignorancia e na malicia, e estamos colocados sob uma vigilancia tão inábil que o país inteiro a percebe, e que faz crer aos indianos que o fato de ser nossos amigos, lhe atrairá a malqueirança de funcionários superiores , e poderia prejudicar seus interesses pessoais. As intençoes louváveis e generosas da sociedade encontram-se , assim , entravadas sériamente e estamos sendo vítimas de indignações absolutamente imerecidas pela decisão do governo, enganado por falsos rumores." Após isso, a perseguição policial diminuiu, mas as ameaças se multiplicaram : se Madame Blavatsky se obstinasse em falar do livro de Dzyan deveria esperar pelo pior. Ela se obstinou. . .
Tinha agora em seu poder as Estancias de Dzyan, que nem mesmo estavam redigidas em sanscrito, mas numa lingua chamada Senzar, da qual ninguem ouvira falar , nem antes nem depois dela. Madame Blavatsky mesma traduziu o texto para o inglês: essa tradução apareceu em 1915 na "Hermetic Publishing Company" de San Diego, Estados Unidos , com um prefácio do Dr. A.S. Raleigh . Pude consulta-la em 1947 na biblioteca do Congresso em Washington . É muito curiosa e mereceria ser estudada.
A réplica dos desconhecidos é terrivel e admiravelmente organizada. Tiraram de Madame Blavatsky aquilo que lhe era mais caro : suas pretensões ao ocultismo. A sociedade de pesquisas psíquicas onglesa publicou um relatório absolutamente acabrunhador , redigido pelo Dr. Hodgson: Madame Blavatsky não passaria de um pretisdigitador banal; toda a sua história seria uma farsa. Ela nunca se recuperou desse ataque. Viveu até 1891, completamente abatida psiquicamente, num estado de depressão mental lamentável.
Declarou publicamente que lamenta ter falado das Estancias de Dzyan, é muito tarde. Investigadores indianos, como E. S. Dutt, criticarão e demolirão a matéria de Hodgson, mas não há mais tempo para salvar Madame Blavatsky . Provou-se , após sua morte , que uma verdadeira conspiração fora organizada ao mesmo tempo pelo governo inglês, pelos serviços de policia do vice-rei da India, pelos missionários protestantes na India , e por outros personagens que não se pode identificar, e que seriam, provavelmente, os mais importantes participantes desse complô. No plano da guerra psicológica, a operação montada contra Madame Blavatsky é uma obra-prima.
Tal conspiração prova, por outro lado, que existem certas organizações contra as quais a propria proteção de um presidente dos Estados Unidos é inócua. O resultado foi visto. No plano politico, Madame Balvatsky teve uma vitória total: Mohandas Karamchand Gandhi reconheceu que devia a Madame Blavatsky ter encontrado seu caminho, a consciencia nacional, e que graças a ela ele libertara , finalmente, a Índia . Foi um discipulo de Madame Blavatsky que lhe forneceu a droga Soma que lhe permitiu ultrapassar os momentos mais dificeis . E é , provavelmente , devido a esses contatos , que Gandhi foi assassinado em 30 de janeiro de 1948 por um fanático estranhamente teleguiado e estranhamente precursor , uma vez mais.
Mas as idéias de Madame Blavatsky triunfavam. É certo que a sociedade teosófica desempenhou importante papel, se não decisivo, na libertação da India. E' certo também que o Serviço de Inteligencia e outros instrumentos do imperialismo ingles tomaram parte na conspiração contra madame Blavatsky e contra o livro de Dzyan.
A impressão que se depreende , portanto , é que uma organização mais poderosa que o próprio Serviço de Inteligencia, e não politica , procurou impedir Madame Blavatsky de falar. Objetar-me-ão que tal organização não impediu a publicação do testo em 1915, mas o que prova que a publicação tenha a menor relação com o original? Afinal, não conheço nada sobre a sociedade hermética de San Diego. . .
Em todo caso, Madame Blavatsky começou a morrer depois do desastre. Nós a reencontraremos , numa ultima imagem, na rua Notre-Dame-des-Champs, em Paris. Aí terminou sua vida , para ir morrer depois em Londres em 1891.
Olhemos atravé dos olhos de um dos seus inimigos, o russo V.S. Solovyoff, que descreveu seus encontros com ela no "Mensageiro da Rússia", uma revista da época. Parece que ele aborreceu-se principalmente com as criticas mudas que ela constantemente parecia dirigir-lhe . Apesar de abatida, Madame Blavatsky foi ainda objeto de fenomenos bizarros. Eis o que aconteceu ao cético Solovyoff no Hotel Vitória , em Elbefeld ( Alemanha), quando acompanhava Madame Blavatsky e alguns discipulos em viagem:
"De repente acordei. Fui despertado por um hálito quente. Ao meu lado, na obscuridade, uma figura humana de talhe alto, vestida de branco se erguia. Ouvi uma voz , não saberia dizer em que lingua, ordenando-me para acender a vela . Uma vez a vela acesa, vi que eram duas horas da manhã e que um homem vivo se encontrava ao meu lado. Esse homem parecia exatamente o retrato do mahatma Morya que eu já vira. Falou-me numa lingua estranha mas, no entanto , eu o compreendia . Disse-me que eu tinha grandes poderes pessoais e que meu dever era emprega-los. Depois desapareceu. Reapareceu logo, sorrindo, e na mesma lingua desconhecida , mas inteligível, disse: "Esteja certo, não sou uma alucinação e você não está a ponto de perder a razão". Depois desapareceu novamente. Eram, então , 3 horas. A porta continuava fechada à chave".
Se é esse o genero de fenomeno que acontecia aos céticos, não é nada espantoso que Madame Blavatsky tivesse conhecido experiencias mais extraordinárias. Parece , em todo caso, que ela empregou uma espécie de clarividencia para escrever . Um critico inglês, William Emmett Coleman conta que na obra Isis Desvendada, Madame Blavatsky cita perto de 1.400 livros que ela não possuia. As citações são corretas.
Madame Blavatsky , em todo caso, não ameaçará mais ninguem de publicar as Estancias de Dzyan. O leitor poderia perguntar-me de onde vem a idéia de que as obras pertencem às civilizações muito antigas, obras, talvez , de origem interplanetária, se encontram na India . Tal idéia não é nova : foi introduzida no Ocidente por um personagem tão fantástico quanto Madame Blavatsky: Apolonio de Tiana. Apolônio de Tiana foi estudado notadamente por george Robert Stow Mead( 1863-1933), que por acaso foi o ultimo secretário de Madame Blavatsky nos três ultimos anos de sua vida.
Apolônio de Tiana parece ter realmente existido. Uma biografia dele foi escrita por Flavius Philostratus (175-245 d.C.) . Apolonio de Tiana impressionou tanto seus contemporâneos e a posteridade que, hoje ainda, investigadores sérios afirmam que Jesus Cristo jamais existiu, mas que seus ensinamentos provém, na realidade , de Apolônio de Tiana. É uma tese que não existe sómente entre os racionalistas. Atribui-se a Apolonio poderes sobrenaturais que ele próprio negou com grande energia. Parece, entretanto, ter visto , pela clarividencia , o assassinato do imperador romano Domiciano, em 18 de setembro do ano 96 d.C. Certamente viajou à India . Morreu em idade avançada, depois dos cem anos , provavelmente em Creta.
Deixemos de lado as lendas que o envolvem e notadamente aquela que diz que Apolonio de Tiana ainda vive entre nós. Deixemos, igualmente, de lado , as relações de seus ensinamentos e o cristianismo. Mencinemos simplesmente , de passagem, que Voltaire o colocou acima de Jesus Cristo, mas isto foi, sem dúvida, para atacar os cristãos.
O certo é que Apolonio de Tiana afirmou existir em seu tempo, no século I depois de Cristo , na India , extraordináriso livros antigos contendo o saber vindo de eras desaparecidas , de um passado muito recuado. Apolonio de Tiana parece ter tido acesso a alguns desses livros, em particular é a ele que devemos na literatura hermética, passagens inteiras dos "Upanishads" e da "Bhagavad Gita".
Foi ele, antes de Bailly e Jacolliot , quem lançou essa idéia que não cessa de circular. Seus discipulo Damis fez anotações sobre esses livros, mas como por encanto as notas de Damis desapareceram. O prefaciador da obra de Mead , Leslie Shepard , escreveu em julho de 1965, recentemente , portanto , não estar fora de cogitação que as notas de Damis aparecerão um dia. Seria muito interessante , e antes de tudo , a história dos manuscritos do Mar Morto prova que as reaparições mais curiosas são ainda possiveis.
Damis fala, no que nos resta de suas notas , de reuniões secretas das quais era excluido, entre Apolonio e sábios hindus. Descreveu , também, fenomenos de levitação e de produção direta de chamas por um efeito da vontade, sem auxilio de instrumento. Assistiu fenomenos desse genero, produzidos pelos sábios indianos . Estes parecem ter acolhido Apolonio como seu igual e tê-lo ensinado o que jamais teriam ensinado a qualquer ocidental.
Apolônio parece ter visto as Estancias de Dzyan . Teria trazido um exemplar ao Ocidente.
Quem o saberá?
Extraido do livro Os Livros Malditos de Jacques Bergier - Hemus - 1971
Complemento:

No CUFON - UFO Information Service Seattle, Washington de 10/04/91 no
Introdutory Space Science - Volume II - Department of Physics - USAF
Chapter XIII
Unidentifies Flying Objects
33.2 Operational Domains - Temporal and Spatial
(...)
Nevertheless ,let us start with an intriguing story in one of the oldest chronicles of India . . . the Book of Dzyan.
The book is a group of "story-teller" legends wich were finally gathered in manuscript form when man learned to write. One of the stories is of a small group of beings who supposedly came to Earth many thousands of years ago in a metal craft which orbited the Earth several times before landing . As told in the Book :
"These beings lived to themselves and wererevered by the humans among whom they had settled . But eventually differences arose among them and they divided their numbers , several of the men and women and some children settled in another city, whwere they were promptly installed as rulers by the awe-stricken populace.
"Separation did not bring peace to these people and finally their anger reached a point where the ruler of the original city took with him a small number of his warriors and they rose into the air in a huge shining metal wessel. While they were many leagues from the city of their rnrmies they launched a great shining lance that rode on a bean of light . It burst apart in the city of their enemies with a great ball of flame that shot up to the heavens , almost to the stars . All those who were in the city - but nearby - were burned also. Those who looked upon the lance and the ball of fire were blinded forever afterward. Those who enteredthe city on froot became ill and died . Even the dust of the city was poisened , as were the rivers that flowed throught it. Men dared not go near it, and it gradually crumbled into dust and was forgotten by men. "
"When the leader saw what he had done to his own people he retired to his palace and refused to see anyone. Then he gathered about him those warriors who remained, and their wives and children, and they entered their vessels and rose one by one into the sky and sailed away. Nor did they return."
Could this foregoing legend really be an acount of an extraterrestrial colonization, complete with guided missle, nuclear warhead and radiation effects? It is difficult to assess the validity of that explanation. . . just as it is difficult to explain why Greek, Roman and Nordic Mythology all discuss wars and contacts among their "Gods ." ( Even the Bible records conflitct between the legions od God and Satan.).
Could it be that each group recorded their parochial view of what was actually a global conflict among alien colonists or visitors? Or is it that man has led surch a violent existence that he tends to expect conflict and violence among even his gods?
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http://www.youtube.com/watch?v=nExsLVg50zw

A solidão das mulheres divorciadas

A solidão das mulheres divorciadas
«Aos fins-de-semana quando não saio com a minha prima Bé fico em casa a ver televisão. Ver televisão quer dizer regar as plantas da marquise, ler o horóscopo nas revistas, desfazer o tricô do domingo anterior, mudar de canal de 20 em 20 segundos e pensar em matar-me.

O problema é que assim que me levanto para tomar os lexotans todos de uma vez a minha mãe telefona de Alcobaça a saber como estou, ouço-lhe os gritos no atendedor de chamadas (a minha mãe que tem um medo danado dos telefones sempre falou aos gritos) e como não é possível a gente suicidar-se e conversar com a mão ao mesmo tempo, desisto das pastilhas e garanto-lhe que estou óptima, não tenho febre, fumo no máximo três cigarros por dia, como bem, não emagreci(- de certeza que não emagreceste?)para a semana visito-a em Alcobaça sem falta e qualquer dia, palavra, encontro um rapaz como deve ser(- Não acredito que não haja um rapaz como deve ser no teu emprego filha)torno-me a casar, desligo o telefone com um tal cansaço e uma tal dor de cabeça que a única coisa que tenho vontade é de uma aspegic e silêncio, deixei de ter ganas de me suicidar visto que uma pessoa não consegue matar-se se estiver mal-disposta.
Nos fins-de-semana em que saio com a minha prima Bé vamos à Loja das Meias e à Escada sonhar com blazers de caxemira(- Pode ser que com o subsídio de Natal lá chegue)e casacos compridos, chateamo-nos como peruas nos filmes que os jornais gostam, encontramo-nos num bar com colegas da escola dela que descobriram na semana passada um restaurante em Alcântara e já me sucedeu acordar aos domingos de manhã num apartamento de Campo de Ourique ou do Beato ao lado de professores de Matemática com iogurtes fora do prazo no congelador, um chinelo esquecido no bidé e um cinzeiro de folha a transbordar beatas no soalho, junto de uma chávena de café quebrada.
Incapaz de tomar banho num chuveiro em que faltam o sabonete e a água para além de se achar ocupado por um montão de jornais velhos, volto a toque de caixa para o Lumiar sem me despedir do barbudo que ressona de queixo na almofada(- Não acredito que a Bé não conheça um rapaz como deve ser)com um ombro fora do pijama descosido e adormeço até que os gritos de Alcobaça me acordam, de coração aos pulos, para inquirirem no atendedor de chamadas se não tenho abusado dos fritos.
Não abuso dos fritos, não abuso do tabaco, não abuso do álcool, não abuso do sexo, não abuso de nada mãe: oiço crescer o pêlo da alcatifa, mudo de 20 em 20 segundos a televisão de canal e leio o meu horóscopo na penúltima página dos magazines femininos a seguir ao caderno da moda e a um artigo que explica como um cinto de ligas e uns sapatos vermelhos poderiam mudar a minha vida afectiva. Com um cinto de ligas os iogurtes fora do prazo desapareceriam do congelador? Com sapatos vermelhos encontraria chuveiros sem jornais? O meu horóscopo para esta semana, dividido como sempre em três partes, saúde (cuidado com o fígado!), finanças (atenção às despesas excessivas!) e amor, prevê para quarta feira, e no que respeita a paixões, um encontro inesperado que me alterará para sempre a existência. Quarta feira foi ontém e o encontro inesperado que tive consistiu em esbarrar com o meu ex-marido no metropolitano: deixou crescer o bigode, vinha acompanhado por uma mulata com metade da idade dele e nem sequer me viu. Ter-me-á visto alguma vez?
Em todos os canais de televisão passam novelas brasileiras. Oiço a chuva de Outubro contra os vidros e o casal do andar de cima a gemer ao ritmo da cama. Se me levantar para tomar os lexotans todos a minha mãe vai desatar aos gritos no atendedor de chamadas, de maneira que o melhor é ficar quietinha no sofá a olhar as plantas e o retrato do meu sobrinho bebé sem pensar no suicídio. Para quê?
Durante seis meses poupo nos almoços (uma bica, um croissant e um pastel de bacalhau) comidos em pé ali no centro, compro o blazer da Escada e uns sapatos vermelhos, a colega que vende ouro no escritório prometeu baixar-me as prestações do anel e passo o serão sozinha, de blazer, sapatos e cachucho, lindíssima, a mudar de canal e a ouvir o pêlo da alcatifa crescer.»
-- António Lobo Antunes, Livro de Crónicas, edições Dom Quixote (1995)