31 outubro 2011

Mulher que lê, 
c. 1890 Jacques-Émile Blanche ( França 1861-1942)
Óleo sobre tela


No minha mesa existe
Um livro pousado
Que não consigo entender
Fico-me assim a pensar
O que ele  quererá dizer

Há  nele uma  fala oculta
Que não consigo alcançar
Espero que a noite caia
E me ilumine o luar
E de olhos abertos no escuro
leio o livro devagar
as palavras são estrelas
a letras a cintilar
é tal o brilho que imana
que me sinto a cegar!
Pela manhã, adormeço
Cansada de tanto olhar
Pouso o livro no regaço
E fico-me assim a pensar.

25 outubro 2011


Ensinamentos de provérbios árabes ao som de  "Hino ao Sol".

Quero que feches os olhos
Que sintas, na brisa
No ar que te rodeia
A essência  do meu ser
Quero que feches os olhos
porque algo vai acontecer
Entra por esse túnel de luz
Ouve agora o que tenho para dizer
Não temas, nada receies
Deixa-me dar-te a mão
Deixa que te guie
Até aqui
Ao meu coração
Escuta agora o som
A melodia
O bater acelerado
Um galope desenfreado
É assim que fico
Quando te construo em poema
Quando faço de ti a minha voz ao vento
Quando abro os braços e te procuro
Com olhar lá longe
Perto do firmamento
Já dei a volta ao mundo
A procurar a metade que me dizem pertencer
Voltei ao ponto de partida
Estarei algures, regresso  certamente
Em cada promessa de dia
Em cada novo amanhecer!




22 outubro 2011

A Poesia é transpiração da Alma

(Imagem retirada da net)

Há um afrontamento em mim feito de raiva
Onda de calor, sangue e sal
Um transpirar  de impossível
Um estranho amargo
Que me deixa assim tão mal.
Se me perguntarem o porquê
Apenas direi  que não sei
Não localizo a causa
Só o efeito,  e dentro de mim
Sinto um aperto forte no peito.
Ontem nasci, já lá vai tempo
Em que tenho vindo a morrer
Talvez seja  sinal de que ainda
Tenho vida para viver.
Mas como gastar este tempo
Que me causa tamanha dor
Cada vez que em mim sobe
Esta onda de calor
Quando me invade o sonho
Impossível de realizar
Eis que transpiro a raiva
Que me oprime aqui no peito
E solto nestas palavras
A minha falta de jeito.
Estou tão incompleta
Ainda me falta tanto
Para me sentir poeta.

16 outubro 2011

Eça de Queirós:
"Nós estamos num estado comparável apenas à Grécia: a mesma pobreza, a mesma indignidade política, a mesma trapalhada económica, a mesmo baixeza de carácter, a mesma decadência de espírito. Nos livros estrangeiros, nas revistas quando se fala num país caótico e que pela sua decadência progressiva, poderá vir a ser riscado do mapa da Europa, citam-se em paralelo, a Grécia e Portugal"

(in As Farpas, 1872)
Assim sendo....
Voltámos a ser um país amordaçado
sofrido e roubado
O dia amanheceu envolto em bruma
o Povo pede o regresso do Desejado.

Haverá para aí algum D. Sebastião?
Se há, que não se faça rogado.
É a hora Senhores!
de lutar, e não deixar cair
este pedaço de terra
de Santa Maria chamado.
Mito? Pátria? País?
Este é o meu pedaço de chão,
onde um dia minha mãe me deu à luz
assim recuso para os meus filhos
a escravidão, e o roubo
deste terreno sagrado.
E porque te amo Portugal
chegou a hora Senhores
de recusar as amarras
e conservar a matriz
Contra os barões marchar!
Marchar!
E as armas são a cultura
a ousadia de querer
a vontade de um povo
que se não deixa vencer!
 

14 outubro 2011

Ó Desditosa Pátria minha amada!




Alegoria à Pátria, às Artes, à Indústria, à Agricultura e à História de Portugal da autoria de Acácio Lino.
No centro da composição surge a Pátria, coroada por um anjo e entronizada (sem esboceto conhecido e apenas identificada pelos atributos); abaixo desta, a Agricultura (com esboceto); à esquerda, a Pintura e a Arquitectura (sem esboceto conhecido, mas identificáveis pelos atributos: paleta e compasso); em baixo, à esquerda, a Indústria (com esboceto); em baixo, à direita, a História de Portugal (com esboceto - por vezes, por desconhecimento da existência do estudo, tem sido identificada como a alegoria às Letras, por carregar um livro).

A Grécia incendiada
Nero voltou senhores!
Sobre o templo de Delfos
Já não há sonhadores.
A revolta está iminente
Há fome por entre a gente
O sol de Outubro incendeia
O mel, a urze e a alteia
A Oriente a plebe inquieta
Agita-se na oriental praia lusitana
E por mares agora esgotados
A voz surda do Direito
Jaz à beira-mar sepultada.
Não é D. Sebastião,
Não é El-Rey D. Diniz
O Lavrador
A Ibéria ameaça soçobrar
Ò Pátria teus filhos na dor.
Invocam o sangue dos avós
Ó Pátria Para onde vamos nós?

11 outubro 2011

Contos de Fadas

A vida inteira ela esperou
Pelo seu príncipe encantado
Surgiu finalmente entre a bruma
Numa qualquer esquina
De reluzente armadura vem armado
Já não o pode sentir
Tocar-lhe está proibida
O frio aço o reveste
Fruto de revezes da vida
E na couraça que o protege
Dele e dela não reza a história
Ficou-se a bela encantada
A relembrar na memória
E era uma vez um príncipe
Triste e só amargurado
Vivia numa redonda
De fino aço fechada
E de marca registada
Onde se podia ler
Já não há contos de fadas
Nem de príncipes encantados
Apenas almas perdidas
Corações acabrunhados.

05 outubro 2011

"Palavras Nossas" irá estar nas livrarias de todo o país já em Novembro ...Uma colectânea de poesia da qual eu faço parte, espero que apreciem! “Palavras Nossas” é uma obra que prima pela novidade e diversidade. Novos temas, novas abordagens, estilos diferenciados, é o que esta Antologia da Novos Poetas Portugueses tem para oferecer. Trata-se de uma autêntica “lufada de ar fresco” no panorama da poesia em Portugal. Sonhos revelados sobre a forma de poemas – e haverá melhor maneira de sonharmos acordados? Sonhos concretizados através de uma primeira publicação. Sonhos revelados e concretizados é o que “Palavras Nossas” tem para oferecer aos seus leitores. Um livro que é de todos - para todos, no nosso bom português. Entretanto, "Palavras Nossas" já tem "Página Oficial" no Facebook e convido-vos a todos a passar por lá. É aqui: https://www.facebook.com/pages/Palavras-Nossas/120696251368968

01 outubro 2011

Caixa de marfim



Tenho dentro de mim
Uma caixa de marfim
Com arte trabalhada
E forrada de violáceo cetim.
Guardei nela uma pedra preciosa
A que chamaram rubi.
Da caixa de marfim
Que tranquei a 7 chaves
Lancei ao rio o segredo
Que guardei até ao fim
Quando amortalhares o meu corpo
De linho crú e alvar
Não te esqueças do segredo
Que te disse para guardar.
Leva contigo a dita caixa de marfim
Esconde-a naquele altar
E pede à virgem por mim.