Eu queria levar poemas para combater a guerra
O ódio, a intolerância, o egoísmo
Mas os mortos já não podem ouvir
Jazem de olhos esganados à procura
Da luz da última estrela.
Os vivos estão surdos e esqueceram
Que saber ler é agora um luxo.
Nada conta a não ser a réstia de água
Que escorre furtiva na lixeira que se avista
Eu queria levar poemas para combater a guerra
Mas esbarro no pavor quando olho
E vejo as minhas mãos tintas de sangue
Dou por mim a implorar que a cor fosse verde
E que os rios transportassem pão e vinho
E que o mar não estivesse tinto de ódio
Transformado em negra cloaca dos senhores da guerra.
Outrora brancas as velas, deram lugar à borracha
Camuflando caixões modernos feitos da última árvore
Que nasceu , não para fazer sombra, mas para ocultar
O horror do desespero, o grito sufocado pela vaga clandestina
A que chega na rebentação e trás já o poema amortalhado.
Maria João Nunes
O ódio, a intolerância, o egoísmo
Mas os mortos já não podem ouvir
Jazem de olhos esganados à procura
Da luz da última estrela.
Os vivos estão surdos e esqueceram
Que saber ler é agora um luxo.
Nada conta a não ser a réstia de água
Que escorre furtiva na lixeira que se avista
Eu queria levar poemas para combater a guerra
Mas esbarro no pavor quando olho
E vejo as minhas mãos tintas de sangue
Dou por mim a implorar que a cor fosse verde
E que os rios transportassem pão e vinho
E que o mar não estivesse tinto de ódio
Transformado em negra cloaca dos senhores da guerra.
Outrora brancas as velas, deram lugar à borracha
Camuflando caixões modernos feitos da última árvore
Que nasceu , não para fazer sombra, mas para ocultar
O horror do desespero, o grito sufocado pela vaga clandestina
A que chega na rebentação e trás já o poema amortalhado.
Maria João Nunes