23 dezembro 2008

Mensagem de Natal



No presépio de Belém “juntou-se ao anjo uma multidão do exército celeste a louvar a Deus dizendo: Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens que ele ama”(Lc 2,13-14).

Este mundo violento, egoísta, de exclusão social, de terrorismo, necessita de um ‘choque de amor’, de ‘um choque de Evangelho’
O Natal é uma festa de amor, de família, de reconciliação e de perdão. Vivemos numa sociedade chamada ocidental, cristã, mas, certamente, não vivemos o cristianismo pregado por Cristo no seu Evangelho.
A época do Natal é uma oportunidade especial para agradecermos a Deus por Jesus, que trouxe paz aos nossos corações, pela Sua mensagem e por nos dar o Espírito da paz. A paz é chamada de fruto do Espírito em Gálatas 5.22.
Somos realmente pessoas que esperam em Deus? Só assim experimentaremos aquilo que Ele promete em João 14.27: "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize." É assim que, no meio deste mundo agitado, poderemos ter a paz que ninguém conseguirá nos tomar! A paz que Cristo pregou no Evangelho é fruto do amor, da justiça, da fraternidade, da solidariedade.
Os meus pensamentos estarão com os que sofrem na alma e no corpo, injustiçados e espoliados, no meio da tristeza e do lamento das guerras, esperando com Fé o tempo de que fala Isaías (2.4), quando as espadas se transformarão em relhas de arado e as lanças em podadeiras, quando uma nação não mais levantará a espada contra outra nação e nem aprenderão mais a guerra, quando até os animais selvagens serão mansos, quando o lobo e o cordeiro habitarão juntos e um menino apascentará o bezerro, o leão novo e o animal cevado ( Is 11.6-9).
Que o Menino Jesus ilumine os vossos corações, vos dê a graça da Graça, e só por ela e através dela conseguiremos ultrapassar os tempos difíceis que se avizinham.
Obrigada a todos quantos passaram por aqui e me leram, me comentaram e a todos os que me ajudam a crescer em Espirito .

Que a Paz seja connvosco!

13 dezembro 2008

Espelho meu



Hoje acordei e olhei no espelho.
Esperei ver-me inteira, sem dor
Desesperei, apenas vi
Um ser solitário, sem amor.

Tentei olhar, melhor, ver!
Ver com os olhos da alma
Entristeci, triste
Porque apenas vi
O olhar duro em riste

Olhei o canto superior
Do dito espelho, perscrutei
Um ponto obscuro,
Quem sabe se estaria ali
Escondido
Algum rosário esquecido
Deste mundo ensandecido

Centrei o olhar, no meio
E vi pulsar uma veia
Afinal….vivo
Respiro, ainda não morri
Sequer.
Que faço eu em frente
Ao espelho
À procura de uma imagem
Que só existe no fundo
Porque me coloco lá
Transformando-me
Em miragem?

Quando sinto e sou mulher.

10 dezembro 2008

A Videira



Nem sei como nasceu ali, mas causava-me algum deleite observá-la.
A tenacidade não lhe faltava, a cada dia que passava, mais e mais enterrava as suas raízes no terreno árido, e, como se não bastasse tamanha adversidade, o vento açoitava-a noite e dia, vindo sabe-se lá muito bem de onde. Deitada na terra, aninhada debaixo da folhagem verde acastanhada, eu imaginava-me a vestir a sua pele e porque gostava de a tocar devagar com as minhas mãos, acariciar o seu tronco nodoso, coberto de rugas, como se de um rosto enpedernido de um velho pescador ou camponês, diria que mais não era, aparentemente, que um corpo inteiro, sólido, formado de sulcos profundos, com feridas marcadas pelo tempo, provocadas pelos invernias agrestes, quando os assobios de um Zéfiro em fúria surgiam fortes vindos ali do monte que ondulava suave. Zéfiro procurava Flora, a deusa que encarna toda a natureza e cujo nome se convertera na designação de todo o reino vegetal. Eu continuava escondida na terra batida; o ar seco era pronúncio de um verão em declínio. Fiquei a piscar os olhos , vendo o sol brincar com os bagos dourados, em tom de mel e verde água, outros de cor rubi, autênticas pedras preciosas encastoadas na forma de cachos gigantes, inchados, grávidos de taninos e frutose que as abelhas teimosamente vinham provar.
Um delicioso néctar dos deuses – pensei eu, observando deliciada a quietude do local. Um zumbido de abelhas, um canto de pássaros, minúsculas formigas que se moviam em carreiro, prodígio de diligência, para que o Inverno fosse farto; mais longínquo o canto da cigarra, alegadamente preguiçosa acompanhava o canto da poupa, que esvoaçou assustada à chegada do bulício de um tempo de colheita.
A magia do local fugiu para longe , com longas asas de nuvem dando lugar à vindima.
No fim do dia, milhares de bagos seriam pisados, doridamente massacrados para se transformarem em embriagante líquido de cor sanguínea,afinal tão longe do tronco severo e nodoso, da raiz que diariamente se agarra desesperada à terra que a viu crescer;quem diria que dali ressurgia Dionisio folião, trazendo loucura a quem o despreze, também ele morrendo a cada inverno e renascendo em cada primavera.

08 dezembro 2008

Fragrâncias



A fragrância da vida
Tocou leve
Como o som perfeito
O gesto aconteceu
E pronta para a jornada
Iniciei
O caminho da Verdade
Na justa medida
Em que fui tocada
Recolhi o gesto
Interiorizei
Decidindo viver
A minha consciência maior
Inclinei-me
Estendi a mão e bati
A tecla, o portão
Confiei para não perder
A minha alma
Através da alegria
E da tristeza
Vibrei interiormente
Tocando as esferas celestes
Em sintonia
Sem pressa, filha do desejo
Respirando apenas
Um sopro de cristal.