28 fevereiro 2010
Noite
Johann Heinrich Füssli;" O Pesadelo"; 1781.
Pássaros riscavam a noite em tons de azul escuro.
No horizonte mais próximo, o rendilhado das árvores
fazia ninho em redor dos candeeiros.
Coroas mágicas enovelavam a luz.
Fantasmas ondulantes acolhiam de ramos abertos
Asas palpitantes que se precipitavam em bandos
Procurando o melhor galho,
Para o aconchego da noite.
O traçado dos pneus deixava rasto brilhante
No asfalto negro e molhado.
Os passos surgiam silenciosos, entre o nada
e o silêncio que se instalava devagar.
A noite surgiu, enrolada no manto de névoa escura.
Num fundo de cimento, uma janela brilhava,
luz branca, coada por cristal de murano.
Era o centro do universo.
No amanhã nascerá uma nova madrugada, e os rouxinóis
cantarão a noite inteira para a celebrar.
Quando o sol surgir, os meus olhos ganharão asas
E irão pousar-te no beiral.
Estenderás a tua mão cheia de grãos de luz
E alimentarás a minha alma faminta.
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3 comentários:
O diabrete da esquerda parece um objecto decorativo, tem um carácter estático.
Um sonho é normalmente induzido por um conjunto de sugestões e assim talvez tenha aqui iniciado com o tal diabrete decorativo. E quem é lá colocou o diabrete senão a própria donzela?
Está a dormir?! Mas ninguém dorme assim, talvez não esteja a dormir.. está apenas num estado de letargia...e talvez o pesadelo se tenha transformado numa submissão consciente.
É também certo que a cabeça pendente induz uma certa perda da noção de equilibrio, o que dificulta recuperar a posição inicial.
A exposição resulta num segundo diabrete que lhe salta em cima enquanto esta se encontra vulnerável.
Aperto no estômago, um incomodo que doi não se sabe muito bem onde, mas que resulta numa vontade de não acordar.
Irá a donzela acordar do pesadelo?
Creio que sim, não pode é deixar passar muito tempo porque o diabrete peludo vai ficando cada vez mais pesado. .
~
Aqui a árvore, apresenta agora umas belas flores vermelhas..
http://2.bp.blogspot.com/_97cfqtD2h8I/S0JZgrYv9jI/AAAAAAAAAgE/wKWd2alouyY/s1600-h/expo+014.jpg
"Quando o sol surgir,os meus olhos ganharão asas//
E irão pousar-te no beiral.
Estenderás a tua mão cheia de grãos de luz//
E alimentarás a minha alma faminta".
Está tudo dito.
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