15 fevereiro 2010

Rituais

No trilho das traições
Percorri, alucinada
pela vereda escura
uma longa caminhada.
Pelos quatro caminhos
Eu segui atormentada.
Nas sebes espinhosas
Oculto entre a ramagem
Negra criatura espreitava
Coração oculto
Alma turva
Olhar pardo e visceral
Negro e feio bicho
de seu instinto animal
Meio homem
Meio deus
Personificação do Mal
Enraivecido pela vida
Descarregou em mim
Todo o fel, todo amargo
Pestilência sem fim.
Envolvida num casulo
Finas teias de egoísmo
Aprisionou-me o corpo
E lançou-me no abismo.

Agora pairo, no limbo
entre o ser o não ser
vivo só por umas horas
até ao amanhecer.
Quando o sol nasce
morro eu, até ao entardecer.
É na escuridão da noite
que vou tentando viver.
um corpo feito núvem
um coração de fractal
a alma perdi-a na queda
num estranho ritual.

2 comentários:

Petrarca disse...

O próprio poema "é noite" do princípio ao fim.
Vejamos:
vereda escura
sebes espinhosas
negra criatura
alma turva
negro e feio bicho
pestilência sem fim
até ao amanhecer
é na escuridão da noite

arroba disse...

Ai Petrarca!! Prometo qu evou fazer assim um todo xpto!!! Assim como a Maria Teresa Horta! Ah ah ah!
Não se esqueça dos "fingimentos " do poeta !!!
Muito obrigada, pelo seu apoio! Mesmo ! Do fundo do coração.