17 fevereiro 2010

Vénus


Nascimento de Vénus

Colinas suaves,
macias,
Aveludadas,
cor de areia.
Esculpidas
nas minhas mãos
Lua cheia,
Luz coada
Vénus abandonada
Em monte coroado
Rosado,
ponto a ponto
Em contraponto,
Em ida e volta
Ofegante.
E nos teus olhos
O brilho de diamante
E da tua pele macia
Brotam bagas de cristal
Escorrem pelos dedos
Delírios de fantasia
Sem máscara,
com magia
Sussurrando
Com meiguice,
Com desejo
Ondulando
Já sem pejo
Mordendo
A boca
E o beijo.

5 comentários:

Petrarca disse...

"Estavas linda Vénus posta em sossego//
De teus anos colhendo o doce fruito//
Naquele engano d'alma ledo e cego//
Que a fortuna não deixa durar muito// "
...

Foi o que me saltou logo à memória ao ver o quadro da Vénus repousada e guardada/apreciada pelos anjos (?).

Claro que fiz a substituição da Inês pela Vénus como convinha.
Quanto ao poema, creio que já o disse a propósito de outro, gosto do ritmo e da forma "escorrida" dele.
E da Vénus também...

Arnaldo dos Santos Norton disse...

Belo poema, com um mundo por detrás de cada frase.

Unknown disse...

Ah meu queridissimo Amigo, que bom que é saber que me visitou; a mim e aos meus mundos por detrás de cada frase.Vou-o seguindo à distância,e muito lhe devo pela sua atenção para comigo.
Grata pelo seu comentário.

Unknown disse...

Petrarca,
Vou começar a fazer versos "escorridos", daqueles que, como água entre as margens no leito dos rios, galgam obstáculos até à foz, soltando-se livremente no azul dos oceanos.
Obrigada pela sua visita -:)

semsombra disse...

É quando estás de joelhos
que és toda bicho da Terra
toda fulgente de pêlos
toda brotada de trevas
toda pesada nos beiços
de um barro que nunca seca
nem no cântico dos seios
nem no soluço das pernas
toda raízes nos dedos
nas unhas toda silvestre
nos olhos toda nascente
no ventre toda floresta
em tudo toda segredo
se de joelhos me entregas
sempre que estás de joelhos
todos os frutos da Terra.

(David Mourão Ferreira )