Pudesse eu ter um tempo diferente
Enlaçar-te assim consciente
Construir-te em mim
Poder beijar-te
Como se não houvesse mundo lá fora
E fossemos só nós
Os dois a sós.
“Mais do que sonho: comoção !
Sinto-me tonto, entontecido,
Quando, de noite, as minhas mãos
São o teu único vestido.” D.M.Ferreira
Não saber que o dia corre
E a lua foge
Esquecer que amanhece
Não sentir mais esta febre
Que em nós tudo estremece
E nos impele
A amarrar as madrugadas
A suspender os dias
Do tanto que te sei
Que já não sei
Se te inventei
Ou tu a mim
E despida ou não,
O meu corpo (em) chama
Acesa na noite
A tua mão
Que me veste
Num abraço
Aquele único
Que me deste.
“Desvio dos teus ombros o lençol,
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do Sol,
quando depois do Sol não vem mais nada...”
D.M.Ferreira
3 comentários:
Quando em lugar de feltro é de barro de Outubro /
O calor interior das coxas habitadas /
Quando a língua é um barco avançando no escuro /
de um canal de Corinto entre pardas escarpas /
Quando o cheiro do mar se desdobra em veludo /
Quando rompe na boca o mistério das algas /
Quando em baixo o teu pé a triturar-me o surdo /
perímetro do sexo encontra a madrugada /
Quando mais se aproxima a náutica do culto /
Quando mais o altar se mostra navegável /
Quando mais eu misturo e restauro e descubro /
Na crista litoral de súbito ampliada /
O ritual do grito o ritual do cuspo /
e vês que ninguém mais merece esta homenagem /
É que enfim te possuo é que enfim te reduzo /
a uma luva uma esponja uma deusa uma nave
RE(LI)GATA
(David Mourão Ferreira)
É, para mim, um dos grandes poetas do amor homem/mulher.
Um poema tão delicado, assim, pela manhã...
É tão bom amiga!!!Bjsss
Paixão...paixão...paixão !...
Que bom que é estar apaixonado !...
Que doçe loucura !...
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