Hoje não teria sido possível ouvir a tua voz se não conseguisses telefonar. Contudo era quase o eco de uma voz distante e enrouquecida perante os horrores dessa guerra. Mal te consegui ouvir. Penoso o cumprimento do dever em terras que parecem amaldiçoadas: Warwara, Mangari e Bura-Shika.
É uma África em convulsão atacada nas entranhas, violentada a
cada hora que passa. As notícias sobre o ataque foram lentas a aparecer, há
dificuldades de comunicação, resultantes da destruição dos postes de
telecomunicações feitas pelo Boko Haram em ataques anteriores. Gente
malvada e sem coração – disseste-me tu num soluço. Oiço-te e fico-me presa a
silêncio aterrador apenas quebrado pelo respingo da rede telefónica.
Como é possível que desde há meses o Boko Haram venha multiplicando os atentados suicidas, para os quais recorre com frequência a crianças e adolescentes na Nigéria e nos países vizinhos. E ninguém faz nada! Que Mundo estranho este, e nós aqui só falamos da Europa e dos EUA. África continua esquecida.
Receio pela tua segurança.
Como é possível que desde há meses o Boko Haram venha multiplicando os atentados suicidas, para os quais recorre com frequência a crianças e adolescentes na Nigéria e nos países vizinhos. E ninguém faz nada! Que Mundo estranho este, e nós aqui só falamos da Europa e dos EUA. África continua esquecida.
Receio pela tua segurança.
E eu nada posso fazer para suavizar esse sofrimento, essa
impotência que te faz submergir, essa raiva que te invade nas noites que parecem não ter fim e que sufocam. Onde está a nossa África? A nossa África Minha das estepes a perder de vista, dos embondeiros que se oferecem generosos nas suas copas
rendilhadas para refrescar a tua e a minha sombra? Lembras-te?
Saberás tu ainda das noites de céu vermelho e do rugir
distante das feras, dos tambores atroando magias?
Aquele era ainda um tempo de paz. A nossa paz. Um tempo em que os nossos corpos eram duas fontes cristalinas.
Aquele era ainda um tempo de paz. A nossa paz. Um tempo em que os nossos corpos eram duas fontes cristalinas.
E agora, tu aí, em redoma de ar condicionado; prisioneiro,
pois que te está condicionada a liberdade de circulação, guardado a sete chaves. Olhar perdido,
enovelado em pensamentos que se escapam céleres, oxalá viajem para bem perto de mim,
da nossa baía – agora tão mansa e parada de tão triste que está.
–Espero por ti – confidenciou-me ela neste fim de semana que passou.
Estive lá, bem junto às águas mágicas, entretive-me a desenhar círculos na areia molhada – numa espécie de código. A distância pode separar-nos fisicamente mas o meu pensamento sabe encontrar o teu, todas as noites, dentro do círculo que desenhei. Porque todas as noites abro as minhas asas e enceto nova viagem atravessando terra e mar. Nem mesmo que a vaga maior , a da sétima onda, desfaça o traço infantil com que quero assinalar como és importante para mim. Volta depressa.
Na Noite de Natal junta-te a mim para que o nosso olhar se eleve no profundo do azul ceilão e oremos ao Salvador para Ele que tenha misericórdia dos inocentes que sofrem .
–Espero por ti – confidenciou-me ela neste fim de semana que passou.
Estive lá, bem junto às águas mágicas, entretive-me a desenhar círculos na areia molhada – numa espécie de código. A distância pode separar-nos fisicamente mas o meu pensamento sabe encontrar o teu, todas as noites, dentro do círculo que desenhei. Porque todas as noites abro as minhas asas e enceto nova viagem atravessando terra e mar. Nem mesmo que a vaga maior , a da sétima onda, desfaça o traço infantil com que quero assinalar como és importante para mim. Volta depressa.
Na Noite de Natal junta-te a mim para que o nosso olhar se eleve no profundo do azul ceilão e oremos ao Salvador para Ele que tenha misericórdia dos inocentes que sofrem .
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