07 abril 2010

Lava

Eis-me aqui presa
Nesta memória amarga
Que não me deixa ser Eu.
Após que foi quebrado o feitiço
Resta-me sonhar-te, em vigília.
Quando adormeço perco-me
De ti e de mim.
Deixo de saber onde estou.
Talvez nem sequer exista!
Sabias que é assim esta espécie de doença?
As úlceras, no corpo e na alma.
É assim que começa o caminho do fim.
Pouco me importa se alguém me lê,
Sucede que não escrevo para ninguém
Apenas me gosto, quando gosto de ti
E por tal facto
Sinto que ainda estou viva, apesar de
me fazeres morrer aos poucos.
Disseram-me, que o Amor e a Loucura
Geram em segundos, vulcões de sofrimento.
É essa lava ainda quente que me mantém
O sangue a circular, cá dentro.
Lá fora está frio, congelado que está o mundo
Parado, em suspensão, liquefeito,
À espera do milagre da Vida.
Mas creio mesmo que já é tarde.
Toda a energia que se desprende de ti
É negra.
Quando me tocas trazes asas de anjo
Negro.

1 comentário:

Petrarca disse...

Há sempre alguém que nos lê, que nos "espia", que nos tenta perceber, mesmo nunca percebendo.
Neste caso sou eu o "espião" de serviço, mas sem mostrar serviço nenhum.
Só pelo prazer de espiar/ler.