Terei eu alguma vez ofendido a morte
Que foge de mim deste modo?
Insiste a vida em apostar
Neste sopro, réstea de fulgor
De inspiração
Se expiro é porque vivo e sinto
Ainda o bater do coração
Máquina que me consome oxigénio
E me faz rolar em auto-estrada.
Lá atrás fica o risco branco
Marca indelével da ofensa
Que faz com que fujas de mim
E me obrigues a viver.
Nas bermas amontoam-se agora
Pedaços de gente que nunca nada ofendeu
Nem tão pouco a morte.
Esta, tratou de as levar , célere.
Enfeitam-se com frios pedaços
De mármore, por cima das almas
Encaixotadas em branco e negro.
Ah! Mas o sol brilha em fiapos de ouro quente
Eu sinto que as minhas pálpebras se fecham
Com doçura,
É tão bom sentir-te no meu corpo!
Cadência de inspirar e expirar, lenta
Morna,
Esta sensação de estar bem comigo e contigo
Saindo de mim, aprendi a dar-me.
E não espero nada - fórmula secreta -
Da vida, que ela não me queira dar.
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