12 dezembro 2010

Dança - Berlioz


Espécie de vendaval, esta ária
Que me cerca, que me envolve
Num trote rápido,  certeiro
Dispara as semi-colcheias
Com mestria de arqueiro.
Lá do escuro correm céleres
Em catadupa assertiva
O mi , o sol e o dó
Em escala repetitiva
É desfile, tropel
Folhas em furacão
Vem o maestro e acena
Joga as folhas no chão
Tubas! Clarins
Rufam ainda os tambores
Ouve-se a vassourinha
A varrer os seus amores
Ritmo, pausa, silêncio
Ratatatata, tão tão
Partitura a voar
Semi-colcheias no chão.
De novo eis que se solta
Lá do fundo um passo leve
Primeiro um, depois outro
Sapatilha de cetim, enlaçada
Na passada, tábua corrida
Pax-de-deux
bailarina
em passo de  bela-adormecida.
Mas onde estará o príncipe?
Vamos todas procurar, ali na densa floresta
onde as feras nos espreitam, corram meninas
corram, ao som deste cavalgar
lá vêm a fada madrinha
a todas nos irá salvar.
Cuidado com o lobo mau
e todo o seu salivar
dentes de frio marmore
que nos querem trucidar
e o som....oiçam....
lá do cimo, céu azul...
a corda do violino
a enviar o sinal
rasgam-se os horizontes
e da cortina de núvens
em salto descomunal
Vem o rei do reino perdido
montado no seu cavalo
ao fundo ouve-se um bramido
O Bem a vencer o Mal .










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