14 dezembro 2010

V Império



Ousei sonhar-te um dia
D.Sebastião envolto em bruma
Mal sabia eu , que não mais
Sairias  da penumbra!
Por mais interstícios de sol
Que no arrabalde doirem
Os cachos de uvas negras
Transformando-as em néctar
Nunca  ó rei poderás substituir
Esse calor , espécie de alquimia
Que a tudo empresta a cor
O mel e o poder  esvair-se
Bago a bago
Nesta dor.

Quem ousou cometer tamanho crime
De te esconder de ti
Como não arranjaste  caminho
Para poderes chegar aqui?
Chamar-te-ás Sebastião, outro
nome , todos os nomes
Que caibam neste canto
Reino da saudade
quinto do Império
Que virá um dia
Em glória
Erguer da bruma
Os que se foram libertando
De todos os impérios
Terrenos, imperiosos
No sentir das gentes
Que sol a sol
Ousaram porfiar
Cegaram um dia
De olhos postos no mar
Ainda hoje lá estão
Transmutados no velho
do Restelo guardando a entrada da barra
qual comandante na proa
qual tocador com mestria
nas cordas de uma guitarra
que vai tangendo na dor
profecias de Bandarra!







1 comentário:

Anónimo disse...

Olá!
Obrigado por teres aberto o teu blog a comentários de anónimos:
Comento porque gosto.
Trazes á liça o Sebastianismo, nestes tempos de descrença colectiva. O Sebastianismo, entendo-o como uma filosofia congregadora do sofrimento do povo português, e de uma visão messiânica consubstanciada no “encoberto”, que surgirá numa manhã de nevoeiro.
Tenhamos fé que o nevoeiro se dissipe. Especialmente aquele que nos perturba as emoções.

Jorge C