11 março 2008

Diário de um cão





Reflexão : Imaginemos que Deus nos tratasse como tratamos os animais ! Como estaria sendo tratado agora?

Um texto que li algures e me comoveu, (desconheço a autoria) e deixo aqui como uma denúncia...em tempo pascal.
Para a Igreja Católica, quem destrói o meio ambiente "comete um pecado grave", já que a prática é "um insulto a Deus". É assim que o presidente do Pontifício Conselho de Justiça e Paz, o cardeal Renato Raffaele Martino, pensa quando afirma que "atirar um saco de lixo na rua é um pecado repugnante, mas quem destrói a Amazônia comete um pecado grave".
Segundo ele, no Catecismo da Igreja Católica pode-se ler que "a terra e seus bens são uma dádiva que podemos usar, melhorar, mas não destruir"...consequentemente , nós que fazemos parte deste fantástisco planeta azul temos toda e qualquer responsabilidade para com os nossos irmãos, sejam eles quais forem.




  • A proteção aos animais faz parte da moral e da cultura dos povos" dizia Victor Hugo



Diário de um cão:
1ª semana - Hoje completei uma semana de vida. Que alegria ter chegado a este mundo ! 1 mês - A Minha mãe cuida muito bem de mim. É uma mãe exemplar !


2 meses - Hoje separaram-me da minha mãe. Ela estava muito irrequieta e com seu olhar, disse-me adeus. Espero que a minha nova "familia humana" cuide tão bem de mim como ela o fez.


4 meses - Cresci rápido; tudo me chama a atenção. Há várias crianças na casa e para mim são como " irmãozinhos ". Somos muito brincalhões, eles puxam-me o rabo e eu mordo-os na brincadeira.


5 meses - Hoje ralharam comigo. A minha dona ficou incomodada porque fiz xixi dentro de casa. Mas nunca me haviam ensinado onde deveria faze-lo. Além do que, durmo no hall de entrada. Não deu para aguentar!


8 meses - Sou um cão feliz! Tenho o calor de um lar, sinto-me tão seguro, tão protegido... Acho que a minha "familia humana" me ama. O pátio é todinho para mim e, às vezes excedo-me, cavando na terra como meus antepassados, os lobos quando escondiam a comida. Nunca me educam. Deve ser correcto tudo o que faço!


12 meses - Hoje completo um ano. Sou um cão adulto, os meus donos dizem que cresci mais do que eles esperavam. Que orgulho devem ter de mim !


13 meses - Hoje acorrentaram-me e fiquei quase sem poder movimentar-me até onde tem um raio de sol ou quando quero alguma sombra. Dizem que vão observar-me e que sou um ingrato. Não compreendo nada do que estão a acontecer.


15 meses - Já nada é igual... moro na varanda. Sinto-me muito só, a minha familia já não me quer! Às vezes esquecem-se que tenho fome e sede. Quando chove, não tenho tecto que me abrigue...


16 meses - Hoje tiraram-me da varanda. Estou certo de que a minha familia me perdoou. Eu fiquei tão contente que pulava com gosto.O meu rabo parecia um ventilador. Além disso, vão levar-me a passear!!! Dirigimo-nos para a auto-estrada e de repente, pararam o automóvel. Abriram a porta e eu desci feliz, pensando que passaríamos o nosso dia no campo. Não compreendo porque fecharam a porta e se foram. "Ouçam,esperem!" - Lati - ....esqueceram-se de mim... Corri atrás do carro com todas as minhas forças. A minha angústia crescia ao perceber que quase perdia o fôlego e eles não paravam. Haviam me esquecido!


17 meses - Procurei em vão achar o caminho de volta ao lar. Estou só e sinto-me perdido! No meu caminho existem pessoas de bom coração que me olham com tristeza e me dão algum alimento. Eu agradeço-lhes com o meu olhar, desde o fundo da minha alma. Eu gostaria que me adoptassem: seria leal como ninguém! Mas apenas dizem: "pobre cãozinho, deve ter-se perdido."


18 meses - Um dia destes, passei perto de uma escola e vi muitas crianças e jovens como os meus "irmãozinhos" aproximei-me e um grupo deles, rindo, atirou-me uma chuva de pedras "para ver quem tinha melhor pontaria". Uma dessas pedras, feriu-me o olho e desde então, não vejo com ele.


19 meses - Parece mentira. Quando estava mais bonito, tinham compaixão de mim. Já estou muito fraco, o meu aspecto mudou. Perdi o meu olho e as pessoas mostram-me a vassoura quando pretendo deitar-me numa pequena sombra.


20 meses - Quase não posso mexer-me! Hoje ao tentar atravessar a rua por onde passam os carros, um acertou-me! Eu estava no lugar seguro chamado "passeio", mas nunca esquecerei o olhar de satisfação do condutor, que até se vangloriou por acertar-me. Oxalá me tivesse matado! Mas só me deslocou as patas traseiras! A dor e terrivel! As Minhas patas traseiras não me obedecem e com dificuldade arrastei-me até a relva, na beira do caminho. Faz dez dias que estou embaixo do sol, da chuva, do frio, sem comer. Já não posso mexer-me. A dor é insuportável.


Sinto-me muito mal, fiquei num lugar húmido e parece que até o meu pelo está a cair... Algumas pessoas passam e nem me vêem; outras dizem: "não te chegues perto". Já estou quase inconsciente; mas alguma força estranha me faz abrir os olhos. A doçura de sua voz fez-me reagir. "Pobre cãozinho, olha como te deixaram", dizia - com ela estava um senhor de avental branco, começou a tocar-me e disse: "Sinto muito senhora, mas este cão já não tem remédio. É melhor que pare de sofrer". A gentil senhora, com as lágrimas rolando pelo rosto concordou. Como pude, mexi o rabo e olhei-a, agradecendo-lhe que me ajudasse a descansar. Sómente senti a picada da injecção e dormi para sempre, pensando no porquê que tive que nascer se ninguém me queria...

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