22 agosto 2008

Que o Amor aconteça em mim.


NE ME QUITTE PAS ( NINA SIMONE ) & Les Amants du Pont-Neuf

Uma luta, uma amizade sofrida que se foi desenvolvendo, do caos para o cosmos, de alguma forma ainda caótico. Não resolvi nem parte, mas também não quero resolver, apenas apreender o que cada canto da vida pode revelar…
3! Três anos de conversão, de rasgos, de transfiguração, de renovação de olhar, de apurar a escuta, de descoberta, de (des) encontros, de partidas e de chegadas a conclusões que apontam para o mistério do tudo e do Todo...
…levando-me a modificar muito do meu pensar…
… e do meu rezar.
Perdi alguma da ingenuidade que fecha, purificando aquela que abre, sentindo-me mais humilde e também mais prudente. Depois de navegar, num primeiro ano, meio sem rumo em busca dos alicerces nos novos conceitos que apareciam, encontro o filão que me caracteriza, nesta entrega que desejo ser mais e em crescendo.
O Amor acontece em mim. Através da sabedoria do Homem – que desde há tempos designo por ser humano no respeito pela inclusividade – chego ao Amor da Sabedoria do Alto.
Nestes anos mergulhada na racionalidade, quase fria, do conhecimento, não me afundei na argumentação que tudo põe em causa e que, supostamente, tudo explica. Basta-me pensar: por mais razão que a fé possa ter, será sempre um mistério… Talvez pelo silêncio do limite que quer ser esquecido, mas que convivido tem mais força que muita capacidade.
De facto, apercebi-me do que sou capaz, por estar envolvida no corpo que conversa através da carne que grita, chama, sente, experimenta, que se dá desde o princípio ao fim dos tempos. Mas também me apercebi da minha fraqueza, que me ajuda a ir mais fundo na minha relação com o outro que surge e me leva a escutá-lo…
… sem rotular nem catalogar, numa imediatez como se tudo tivesse dito e não importasse escutar, até mesmo ver, um outro lado diferente, por ouvidos e olhos que trazem consigo outra narrativa, outra história.
Sinto-me envolvida pela amizade a esta Sabedoria, particular e universal. Sei pouco, talvez cada vez menos, mas saboreio muito e mais. O meu pensamento já não se fixa, quer-se espalhar por todos os cantos em busca do segredo sagrado… O medo dissipa-se, perde-se, diante da denúncia da injustiça e da perversidade, porque fui ganhando uma nova escuta em direcção ao mundo que não está fechado num recanto que se diz detentor da verdade…
… Ah! A verdade… O que é a verdade?, na famosa pergunta que me abre também para a caminhada. Sim, como muitas vezes afirmei, estou a caminho… Neste momento, para mim, a verdade acontece neste percurso que leva à fusão, em que as linguagens que falam do humano, na sua variedade fundidas, apontam, rumo no limite de cada uma, para o infinito…
… do qual somos participantes, porque o Verbo ao se fazer Carne assume a humanidade por Amor. E nesse Amor o ser vivente, no espaço e no tempo, incorpora-se…
Então, mesmo na confusão dos dias que correm por esse mundo fora tento viver sem desespero, escutando a melodia, mais que renovada, ressuscitada da morte geradora de vida, que me permite pensar, coreografar e dançar, encarnando também em mim, todos os grãos – prontos a rebentar no seu fruto – por Ti
Consagrados… Também aqui, neste ensaio final [apenas por uns tempos]…
Mas dói, dói na partilha diária, dar e tão pouco receber, apesar de tudo, Senhor, criaste-me mortal na carne, e a Alma - bem essa custa a amansar (ainda)....mas vou conseguir expurgar o desejo que me faz sofrer. Um dia, vou conseguir! Apenas o Amor sem nada pedir, sem nada exigir, paciente, benigno, á Tua imagem e semelhança, como Maria Madalena, será assim que irei seguir o caminho.

8 comentários:

pianistaboxeador21 disse...

Obrigado pela visita ao pianista. Volto para ler com c´alma e comentar.
Abração
Daniel Lopes.

david santos disse...

Obigrada pelo post e que o caminho que vais procurar seguir venha a ser o caminho de todos. O amor esteja contigo e com toda a humanidade.
Parabéns.


David Santos.

Marcia Barbieri disse...

Passei, li e gostei.

Beijos
Marcia

pianistaboxeador21 disse...

Li com c´alma e gostei. escreves bem e discutes a fé pela razão. É um tema antigo da filosofia e tu o fazes de forma poética numa mistura de corpo e alma, sentimento e razão, fé e "consciência".
Pretendo voltar.
vou lincar vc no meu blog.

MARTHA THORMAN VON MADERS disse...

maravilhoso!
Bom final de semana.

Anónimo disse...

Inteligência e sensibilidade. E depois...o talento para o trabalho da escrita.
Assim vale a pena.
tonecaspintassilgo

rogério disse...

nice posts

R disse...

E nos outros também.