14 julho 2009

"Aquele" ser Humano na entrada do Metro do Rossio

Ignoro o seu nome, mas adivinho-lhe as dores
Todos os dias o olho, todos os dias o vejo
Abandonado e perdido, dele próprio
E dos outros, que deixaram que se perdesse.
Deitado sobre a sombra fresca
Dos corredores da cidade, entranhas do sub mundo
Estéril matriz, que vomita vazios de solidão
E eu fugitiva desse apelo, não oiço o silêncio do grito
Vou passando em intermináveis silêncios
Esperando que o destino mude o rumo
Juntos na dualidade/simbiose homem/cão
Ambos desditosos, ambos a pedir atenção
Deixam passar os homens, enquanto a noite
Avança em segredo, e as estrelas se abatem sobre eles.
Quantos pensamentos? Quantas lágrimas?
Quantos abraços ao cão?
Por não poder abraçar mais ninguém
Sozinho, sem pai e sem mãe,
Adormece, embalado pelo vento
Esquecendo a solidão.

2 comentários:

HomemSemSombra disse...

A descrição recorda uma ligação semelhante aquela do anão Filippo e do seu cão Fino. Nesse conto havia também a bela Margherita de Veneza.

Beldade, fealdade, animal. Um contraste de diferentes mundos que se encontram num espaço/ tempo comum.

Anónimo disse...

http://conselheiroacacio.wordpress.com/2009/01/28/o-anao-hermann-hesse/