29 agosto 2009

Árvore



Algures, nasceu já
a árvore que te acompanhará
no finito da tua existência.

Negros pássaros esgaravatam
serenos, à sombra dela.
Alta e frondosa
Tão verde e bela.

Ergue-se altiva
ondulando na brisa
envolta em paz.
Silêncio, missiva.

Negros pássaros, melros
de canto atrevido.
Partirão um dia
em tempo devido
sem a sua sombra
e sem alarido.

Mas tu..oh tu não!
Terás que merecer
terás que sofrer
em cada pedaço
e vê-la crescer.

Uma àrvore frondosa
abatida a golpes
de máquina impiedosa.
Feita para ti.
à tua medida
emoldurando o corpo
na fotografia
para a posterioridade.
Só ela te acompanhará
fiel e cativa, mas em liberdade.
Dando-se e vindo
sabe-se lá de onde.
Como eu que fui
e não regressei
da viagem a que me aventurei.
Perdi-me na ida.

Encostei-me à sombra dela.
E juntas , chorámos abraçadas
eu queria ser árvore.
ela queria ser eu,
Apenas para te sentir
vivo.
Para que fosses meu.

1 comentário:

Arnaldo dos Santos Norton disse...

Quem não se perde na ida ?...
Saudades.