21 janeiro 2010

Margens

As margens do meu rio
são feitas de palavras
que aprendi a deixar ir
como se fossem fragas
tão lentas nesse partir.

Deixo-as correr, seguem
pelo leito empedrado
ora singelas e calmas
ou em tropel revoltado.

Cantam-me as águas do rio
um adeus de bruma leve
um bramir de ventania
arrastam atrás de si
a espuma da poesia.

1 comentário:

Petrarca disse...

Se alguma coisa dá bem a ideia da não repetição, essa coisa é um rio.
Tudo quanto para ali se atire ou ali caia, não voltará.
Já alguém disse que não é possível, num rio, tomar banho duas vezes na na mesma água.
Assim as palavras...

(Outro belo poema, mas de agora em diante, não vou referir-me à beleza ou não deles, mas simplesmente escrever alguma coisa que eles me lembrem, de repente. Isto para tentar não me repetir muito).