Num país cada vez mais miscegenado como Portugal, cruzei-me, por razões profissionais, com Alda Mazotti, de ascendência italiana por parte do bisavó paterno, mais conhecido como “filho do Masotto” ; em épocas remotas , os italianos adoptaram o costume de os membros da mesma família morarem juntos em grandes casas senhoriais, sendo que o bisavô da senhora era oriundo da “Cassatta Dei Massoti”, ( a terminação em “i” indicava a forma plural). Explicada que está a sua ascendência, que lhe influenciava , e muito, o carácter, Alda nasceu na década de 60 do passado século. Precocemente mulher , casou aos 16 anos, consequência do temperamento e do sangue italiano que lhe corria nas veias, dessa ligação, entretanto terminada, teve 3 filhos, hoje já praticamente adultos.
Temperamento expansivo, volúvel, impossível não dar pela sua presença, Mestrada em Filosofia, as suas aulas eram por demais conhecidas, principalmente pelos alunos que a olhavam destilando libido, não de todo por culpa deles, mas porque Alda gostava de os provocar, independente da idade ou raça.
Tinha um certo fetiche por homens negros - confessou-me um dia - que, depois de 3 caipirinhas dificilmente se conseguia segurar e conter, tais os ímpetos que a assaltavam. Fiquei atónita a olhá-la – confesso!
Normalmente fazia-se rodear por uma corte de septuagenários, aparentemente inofensivos, mas que a faziam sentir menos só nos intervalos das aulas ou de uma outra sua ocupação - era directora de determinada área cultural - embora fizesse todo o trabalho de secretariado, literalmente era pau para toda a obra. Enquanto desempenhava estas funções, a sua voz estridente ecoava e nas instalações da instituição onde colaborava que ficavam silenciosas e até sem graça quando ela não estava. Uma espécie de silêncio de pasmo!
Havia quem lhe chamasse “o canário” lá da zona, Emprestava vida e cor aos locais onde passava, distinguia-se exuberante, e nem sempre com modos correctos; magra, pernas torneadas, meias pretas, uma luxuriante cabeleira grisalha antes de tempo, Alda Mazotto, tinha um namorado a quem apelidavam “guarda Ricardo” – fazia lembrar certos desenhos animados em que as sobrancelhas farfalhudas se destacavam, neste particular o “guarda Ricardo” usava dois pares de lentes, umas de sol e outras para a miopia; evidente que, quando não estava sol, erguia as lentes e usava-as como se de uma pala se tratasse. Era alvo de gozo, pois está claro, tanto mais que fazia da zona verde envolvente às instalações onde Alda trabalhava, o cenário para as suas actividades de jurista, dando mil voltas sempre confinado ao mesmo espaço, agarrado ao telemóvel, resolvendo aparentemente assuntos de maior ou menor gravidade, sempre da mesma forma.
-Um dia relato a vida do “guarda Ricardo”, penso eu aqui para os meus botões, de tal forma que está cruzada com a vida da “Italiana”. Não é este o momento, mas apenas gostaria de vos dizer que Alda e o “guarda Ricardo”, alugaram dois apartamentos na mesma rua, ali para a zona do Bairro Azul, cada um deles depois de um dia de trabalho intenso recolhe aos domínios respectivos. Já não basta a guarda montada a todo o perímetro da Faculdade, alargando-se aos escritórios da área cultural, onde mais parece exercer as funções de assessor cumulativamente com as de namorado. Alda não se preocupa nada com a marcação cerrada de que é alvo, vive a vida a cem à hora, provocante, algumas vezes insolente, sorri para quem quer, embora extrovertida, noto nela um certo lado obscuro, por vezes uma certa forma de tratamento que causa estranheza e desconfiança. Destes cruzamentos de sangue também resultam indivíduos com características algo inusitadas e que nos deixam a meditar sobre o comportamento do ser humano. – Aprendizagem de vida – digo eu !
3 comentários:
Já por mais de uma vez aqui deixei as minhas impressões sobre a poesia publicada. E da dificuldade de dizer alguma coisa com jeito sobre os poemas.
Por isso, também por isso - diria melhor - fico mais à vontade para ler e apreciar os textos como este sobre "la bella italiana". (Como também anteriormete sobre a romena).
Fiquei a "conhecer" a bela Alda e estou mesmo a "vê-la".
E à espera de mais, seja o guarda Ricardo sejam outras personagens "com história".
Petrarca:
Estou a chegar ao fim, já não consigo escrever. Já não gosto do que escrevo, aliás nem gosto deste texto, já pensei em retirá-lo daqui.
Mas quero agradecer todos os seus comentários, e a forma como me acompanhou.
Um grande abraço com amizade!
Por ela gostar de rosas..
Por ela gostar de rosas..
Todas que vejo a meu peito prendo
mas as dela que amo, mais formosas,
sao mais belas, como é bela quem defendo.
E os seus espinhos ferindo o meu coração..
Sao mais doces, por sua beleza e ternura
Estão cravados neste sangue, nesta paixão
Desde que a vi, linda, imaculada e pura.
E por ela gostar de rosas, lhas ofereço
com todo o amor.. toda a minha emoçao,
sabendo que é ela a mais linda, e mereço
Ter eternos seus beijos com uma dedicaçao
de amor para sempre, nas flores lhe peço,
apenas por gostar de rosas e ela não.
zejoh
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