Parece não fazer sentido que o Tempo sopre a vida como se fossem
folhas secas que esvoaçam .
Assim pensava ela enquanto lhe sobrava tempo mais que suficiente para se enredar num emaranhado de pensamentos que não chegavam a lado nenhum.
Assim pensava ela enquanto lhe sobrava tempo mais que suficiente para se enredar num emaranhado de pensamentos que não chegavam a lado nenhum.
Algures ele existia e imaginava o poema perfeito, sem promessas. Ela
acreditava que ambos sentiam de igual forma. Entre eles existia um amor sem
passado e sem futuro - tinha sido isso que ele lhe dissera.
Por vezes ela lamentava não conseguir ser original ao expressar o que sentia. Mas o importante mesmo era sentir. Estava viva e corria-lhe no corpo a seiva.
Outrora um par de namorados havia esculpido um coração no seu peito: durante muito tempo escorreram daquela laceração pequenas gotas de cor âmbar . Enquanto existir eternidade a marca perdurará. Ficou uma data inscrita que o tempo deformou: Julho de 1959.
Por vezes ela lamentava não conseguir ser original ao expressar o que sentia. Mas o importante mesmo era sentir. Estava viva e corria-lhe no corpo a seiva.
Outrora um par de namorados havia esculpido um coração no seu peito: durante muito tempo escorreram daquela laceração pequenas gotas de cor âmbar . Enquanto existir eternidade a marca perdurará. Ficou uma data inscrita que o tempo deformou: Julho de 1959.
Com a chegada do verão as crianças costumavam abraçá-la fazendo uma roda em seu redor - ouvia as suas cantilenas : fui ao jardim da Celeste... giroflé, giroflá...
Pela tardinha as mães embalavam os filhos na sombra fresca do seu corpo.
Pela tardinha as mães embalavam os filhos na sombra fresca do seu corpo.
Quando a lua estava de atalaia ela descobria a sombra dos
amantes num só corpo, uma espécie de frémito que contagiava e a fazia ondular.
Nas mãos guarda ainda um ninho vazio. Talvez na próxima
primavera voltem as aves e a sua vida se
encha de música - pensa ela.
Mas por agora aguarda serena olhando o horizonte. As suas vestes
de cor verde confundem-se com azul do
mar, enquanto não chegam os primeiros ventos do Outono para lhe secar a alma
como se esta fosse um amontoado de folhas .
Muitas luas já voaram no céu desde que ela era semente - germinou no Inverno , foi crescendo na Primavera e em pleno Verão havia finalmente um tenro borboto a rebentar. Nunca se esqueceu da mão que a deitou à terra.
Fica a saudade dessa mão que lhe embalou o berço de madeira. E porque as árvores morrem de pé…também ela assim morrerá dando ao tempo pedaços de alma transformadas em folhas secas.
Fica a saudade dessa mão que lhe embalou o berço de madeira. E porque as árvores morrem de pé…também ela assim morrerá dando ao tempo pedaços de alma transformadas em folhas secas.
* Aos meus pais e à sombra que me persegue
2 comentários:
O que posso dizer!? - Que tu escreves e eu "escrevinho"!
Belíssimo!
A ave vai voltar ao ninho:)!
Bjo
Que força tem a sua escrita!
Continue a escrever com a alma.
beijos
cvb
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