18 abril 2011

Carta a um pássaro com penas cor de prata


Se eu tivesse que escrever sobre ti, as palavras seriam escassas porque te busco ainda em cada amanhecer.
Sabes que te vejo no voo de toda e de cada ave que pousa perto.
Sorrio quando és raio de sol.
Espero-te quando a lua dança empoleirada lá do alto azul celeste .
Nada me sacia a não ser o antes de ti, porque o depois de nós não acontece e continuo na ânsia de te poder tocar.
És  ave noctívaga – cotovia que me sobressalta pela noite fora. Procuro-te.
 Escondido que estás na copa da árvore mais alta.
O sol não tarda a acordar vindo da bruma que sobe do rio. Há no verde da folhagem nova  um rouxinol atrevido que me está a chamar.
Estendo a mão e quero voar mas estou aprisionada, tenho estas grades feitas palavras aqui entre nós.
Hoje o dia nasceu cor de cinza , o sol esqueceu de brilhar, há um imenso caudal de prata embaciada lá em baixo no vale a chamar por mim.
Pedes-me que escreva sobre ti. Queres que te conte  da alegria , da dor e da graça? Do turbilhão do tempo a desfazer o meu corpo.
Amanhã  vou ser pó no chão do caminho de alguém que caminhará como eu à procura de asas de anjo.
E  meu coração é  feito de linho, sovado e batido. Sabes…só queria que me desses a mão e pudéssemos caminhar juntos até ao fim do horizonte.

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