Se eu tivesse que escrever sobre ti, as palavras seriam escassas porque te busco ainda em cada amanhecer.
Sabes que te vejo no voo de toda e de cada ave que pousa perto.
Sorrio quando és raio de sol.
Espero-te quando a lua dança empoleirada lá do alto azul celeste .
Nada me sacia a não ser o antes de ti, porque o depois de nós não acontece e continuo na ânsia de te poder tocar.
És ave noctívaga – cotovia que me sobressalta pela noite fora. Procuro-te.
Escondido que estás na copa da árvore mais alta.
O sol não tarda a acordar vindo da bruma que sobe do rio. Há no verde da folhagem nova um rouxinol atrevido que me está a chamar.
Estendo a mão e quero voar mas estou aprisionada, tenho estas grades feitas palavras aqui entre nós.
Hoje o dia nasceu cor de cinza , o sol esqueceu de brilhar, há um imenso caudal de prata embaciada lá em baixo no vale a chamar por mim.
Pedes-me que escreva sobre ti. Queres que te conte da alegria , da dor e da graça? Do turbilhão do tempo a desfazer o meu corpo.
Amanhã vou ser pó no chão do caminho de alguém que caminhará como eu à procura de asas de anjo.
E meu coração é feito de linho, sovado e batido. Sabes…só queria que me desses a mão e pudéssemos caminhar juntos até ao fim do horizonte.
Sem comentários:
Enviar um comentário