11 abril 2008

O silêncio


(patinho transformado em cisne)


De si vem-me o silêncio
que transformo em palavra
nostalgia do eterno começo
letras em constante arremesso

esbarram em muros
de ilusão consciente
em que a palavra é
momento presente

eternos silêncios
águas do tempo
escorridas em letras
jorradas a quente

liberdade inventada
palavra sonhada
viagem em sonho
quase nunca acabada

silêncios que falam
sentidos, magoados
paraísos perdidos
mundos reiventados

através do silêncio
da recusa real
morrem os sentidos
na palavra intemporal

e, neste silêncio
em que aqui me sentiu
recuso a palavra
fica o momento
que nunca implodiu

a poesia não salva
é libertação
caminho certeiro na dor
e na morte
cada verso meu é contradição
canto perdido
estrofe de má sorte

mas fica o silêncio
passível de tudo
esperando ainda
que o som rebente
a palavra oca
e surja perfeito
um tempo presente.

2 comentários:

Um Momento disse...

Em silêncio me vi...me senti...
Absorvendo cada letrinha aqui

Adorei!

Beijo...em ti

(*)

O Profeta disse...

Há tanto som no silencio...



Doce beijo