17 fevereiro 2009

Contado do fim para o princípio não se entendia mesmo nada. Tinha acorrido um bando de forças policiais, cercaram o local da ocorrência com fitas amarelas, afastaram todo e qualquer mirone, inclusivé os jornalistas - esses são os piores - e conferenciavam em conjunto. Visto à distância lembravam um rebanho a olhar uma qualquer espécie vegetal , incomum e apetitosa.

Todos à vez, levataram a ponta do lençol, espreitando para debaixo do pedaço de 80% de acrílico e 20% de algodão.

Quem seria ela e, quais as causas da morte?

Colocaram-lhe a respectiva etiqueta no pé com um grosseiro atilho de cordão, daqueles que se usam nas mercearias do chamado comércio tradicional.

Quem sabe se outrora teria tido outro tipo de adornos?

Jazia ali um belo corpo marmóreo, de proporções esculturais, diria que esculpido por mestre divino.

Algures, fora deste restricto espaço, os movimentos da imensa mole humana continuavam iguais e rotineiros. Tudo uma questão de equação matemática; mas neste caso faltava encontrar o valor da incógnita! É que se fosse sómente uma fòrmula, mesmo contada do fim para o principio entender-se-ia toda.

O problema reside em que somos mais que equações e fórmulas matemáticas; e os mistérios adensam-se consoante a natureza humana: ou seja na inversa proporção do principio para o fim...

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