20 setembro 2010

Desde ontem que já morri e renasci mil vezes. Neste dia em que me espero encontrar, perco-me sempre que me procuro. Andam meus olhos vendados, mal nasce o sol adormeço cega do brilho de tanta luz laranja.
Ontem eu não queria mais viver e pensei  que o melhor era mesmo fechar a cortina e deixar os outros continuarem sem mim. A vida é um eterno equívoco, metamorfose de embrião em crisálida, seguindo-se-lhe o nascimento da bela borboleta que vai fenecer breve.
Enquanto vou voando, olho aqui de cima, deste tapete  de pólen – não estás em lugar algum, tudo perece menos as ondas do oceano que  vão submergir o colorido veludo das minhas asas.
Como consigo eu possuir-te sem que te dês? Algures, nesta meia-fusão já não sei se sou eu, ou se és tu que existes.
Outros voos amanhã realizarei; serás um pedaço de tudo, carlinga, nuvem, açor, talvez até parte de mim que não sei se também existo.
E no céu, riscado de branco, passa um super sónico que agarro com a ponta dos dedos. Efémero como tudo o mais!

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