13 fevereiro 2011

Caudal


Joseph Mallord William Turner (Londres, 23 de Abril de 1775 - Chelsea, 19 de Dezembro de 1851)
E lá está outra vez a folha branca
A desafiar esta raiva
Que brota rude no leito
grito rouco na garganta
Que sufoca e sai estreito
Este caudal de solidão
Esta forma de ser louca
A que sempre me sujeito.
As palavras ficam presas
E não me saem da boca
Tão cheias de incertezas
morrem dentro do peito.
E fico-me assim a olhar-te
No silêncio destas frases
A sentir o impossível
A imaginar o tudo
O que seríamos capazes
E não fomos nunca,
Tu não foste , e eu não sou
Estas palavras já gastas
A que eu tinha direito
E que o tempo já levou.
Resta-me a noite escura
Com aquela luz ao fundo
Que me está sempre a chamar
De segundo a segundo.
Um dia vou, juro que parto.
Para me poder libertar.

Sem comentários: