21 fevereiro 2011

Verde e Azul



Pintura de Winslow Homer
Existe um oceano verde para lá da janela aberta, confunde-se em momentos de sonho com esse mar que tanto quero. Por cima das árvores vestidas de verde voam pombas brancas, pedaços de ondas, espuma que se solta no ar e refrigera.
Quando abro as vidraças, pela manhã, guilhotinadas por pedaços de madeira em rigorosa esquadria, deparo com bagas vermelhas alcandoradas nos galhos, pasto e repasto dos melros que se banqueteiam impunes. Atordoados esvoaçam ao mínimo sinal de alarme. Cruzam-se no ar com outros emissários marítimos, porte maior, asas abertas em cruz, lançando gritos que transportam consigo para lá da beira terra.
Revejo o verde esmeralda, horizonte das tardes sedentas em que os corpos seminus buscavam entre si o êxtase por sobre a rocha vulcânica. Não sei que formas se contemplaram, não sei que escuridão desceu ali; momentos abissais , palavras que desceram com a espuma enrolada no imenso e vertiginoso azul do mar. E por lá ficaram nos negros vales submarinos.
Soltas no areal cascos de embarcações perdidas no silêncio, arrebatadas ao sonho azul que nunca chegou a voar em nós.

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