04 dezembro 2009

Madrugadas

Sobre as águas claras
passava leda a triste madrugada
envolta em brumas
assim meia encantada
Flutuava leve
turvando-se -lhe o pé
a vista se velava
sumindo-se ao longe
em imensa voragem.
Na fria transparência
naufrágio e perdição
endoidecida alma
estranha obcessão.
Murmúrios de queixume
e a brisa ao passar
trás-me o teu perfume
vindo do espaço
Resquicio de gozo
exangue no cansaço

2 comentários:

Petrarca disse...

"Na fria transparência
naufrágio e perdição
endoidecida alma
estranha obcessão."

Ora aqui está uma coisa que um bom Carapau não pode dizer. Mal lhe iria se naufragasse e se perdesse desta maneira.
Este comentário vai servir-me para duas coisas:
1º)- Dizer da razão de ser Carapau, que é esta:
http://carapaucarapau.blogs.sapo.pt

2ª)- Atendendo à qualidade deste blog (do ARROBA, entenda-se) e para não ser um animal a vir aqui bisbilhotar, e uma vez por outra comentar, este passará a intitular-se Petrarca.Sempre soa melhor. :-)

Unknown disse...

"A cada remo um pensar atrevido
Parece rir à vaga e ao próprio averno:
Rompe as velas um vento húmido, eterno
De esperanças, desejos e gemidos."
O verso é de Petrarca e serve eventualmente como resposta ao Carapau.
Mais para lá frente, quando eu estiver de maré, vou orquestrar uma "mini ode-marítima" ou, como um peixe se pode transformar em poesia.