20 julho 2010

Tese e antítese


A consciência torna-se num formigueiro doloroso, por vezes flui , mas acabo por a perder.
Já não posso ter a pretensão do absoluto – tomei consciência disso.
Cheguei ao limiar do templo, debato-me entre margens: odio e amor. Entrei em conflito, como se fosse barco sem remos.
Sofro hoje,  porque tudo ontem foi inútil.Continuo na senda, deixando um rasto no pó do caminho. Olho para trás e vejo as pegadas marcadas no chão. Estão lá!
Quis conhecer todos os teus segredos. Debalde.
Agora que não te conheço, sei-os de cor, finalmente. Libertei-me de ti.
Ousei dar. A cada gesto meu, fugias sempre mais e mais.  Amar-te para além do corpo,  sem artifícios , sem véu,  e  porque o corpo só, não importava. A alma, essa sim.Era tudo.
Encontrei sempre qualquer coisa tua nos outros; nunca tu me encontraste a mim.
Agora só me resta desmistificar o mundo. A fantasia tornou-se cruel. Dói-me, mas é a única coisa que de ti me ficou.
Escrevo-me assim, mas não sou eu, sou a outra que ficou perdida no tempo. Descobri que o amor foi um estranho vício,  por ti sou criminosa,  pago a pena de ter amado. Cumpra-se o destino que me foi destinado.
Fui tese, sou agora antítese. Sou dissonante sem síntese. Tu nunca existes!Não como eu te sonhava. .
É na incoerência que me fixo,   viver este  meu tempo, que  é também o teu, pese embora,  que não o vivas como é imperativo. A lei da Morte te libertará um dia, eternamente serás prisioneiro do que ficaste a dever-lhe a ela Vida. "Morre lentamente quem não vive...".

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