Leda e o Cisne - Tintoretto
Quantas mais vezes terei eu ainda
De desejar-te
E desejar não ter desejo?
Quantas vezes te olharei ainda
Com olhar de volúpia castrada
Não conseguir nunca
Realizar este ensejo?
Quantas esperas faço
De mágicas centelhas sem lampejo?
Já não ouso sequer tocar-te
Tanto o medo que me invade
E chamo-me a cada vez que passa
De inútil mente e cobarde.
Os meus olhos descem sobre ti,
Como aves de rapina
Abutres em espera divina
Olhando famintos
Esses rios azulados
Que correm nas tuas mãos
Sonham carícias de serpente
E o teu olhar feito de névoa encoberta
Esse está sempre presente!
Para não falar no silêncio bizarro
Das minhas noites em branco
É que já se me secou
No leito da lua cheia
Toda a fala, todo o pranto.
E o tédio avança
Com seu manto, cobre-me o corpo
Inteiro,
Como se fosse um quebranto.
Ai quem me dera poder descansar
Pousar a cabeça e não mais pensar
Que estou eternamente proibida
De te poder amar.
3 comentários:
Belíssimo!
Bom dia
Começo por pedir desculpa por usar o espaço dos comentários para fazer um pedido.
Tenho um blogue onde a poesia é rainha e teria muito gosto em postar nessa página alguns dos seus belos poemas, com os devidos créditos, evidentemente.
Para tal peço a sua autorização para o fazer. Seja um sim ou um não, agradeço de igual forma.
Aproveito para lhe dar os parabéns pela sua escrita e pela beleza das palavras que escolhe.
Cumprimentos.
Cristiana
Tens uma boca de água com sede de fogo...
Beijos,
AL
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