A origem da Via Láctea - Tintoretto
Escrevo para apontar palavras
Como quem aponta uma arma
E digo ao horizonte
Que levante o céu sobre os seus ombros
Como se o jugo mais leve fosse
Aponto baionetas ao sol e transformo-o
Em negrume azulado, para lá dos sete sóis
De opaca clarividência
Para que possa ver a luz da lua reflectida
No frio aço estilhaçado.
Com palavras já construi um foguetão
Pela via láctea procuro um poeta
Senhor de impérios de fogo
E de vogais incendiadas em espasmos
e consoantes sonâmbulas.
Louco é o poeta que vê
Para lá do que não é visível
Que sente exacerbado
A alma a arder no corpo
E a vida inteira suspensa.
4 comentários:
Também a minha vinda aqui ao blog é consoante: não encontrando vogal apropriada para lhe juntar, leio, gosto e parto sem deixar rasto (a não ser no contador ali ao lado).
Hoje resolvi juntar a vogal à consoante e deixar este apontamento, que dizendo pouco, diz o que sei dizer.
Delicioso, logo no início.
Sim, porque as palavras podem-se apontar como uma arma.
Abraço,
paulo
Olá.
Gostei muito do seu espaço. Belos e intrigantes poemas. :)
Sigo-te!
Beijos
O Poeta canta palavras, emoções,
como janelas abertas para o espanto,
com as mãos a lavrar o corpo,
escrevendo até à foz do desejo
sem saber se o que escreve é poema,
embora arda na seiva dos dedos!...
Beijos...
AL
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