O Sono de Vénus e Cupido
Estou cansada, aqui sentada
Farta de magicar, vã tentativa
De um poema modelar.
Apetece-me fugir, até tenho
A porta aberta!
Foge, levanta-te e foge
Vais ver que a alma desperta.
Oh, se fugir, não consigo
Acabar este poema,
Fica a rima incompleta.
O que será uma pena!
Anda lá, não importa!
Sai porta fora e respira
Não te esqueças, que
há gente a sonhar como tu.
Escolhe um alvo, olha-o bem
Estica o arco e atira a flecha
Solta o braço
Leve mas com segurança
Acerta-lhe no miocárdio
Logo abaixo das três camadas
De pele branca e luzidia
Não te esqueças da couraça
Que usamos todos os dias!
Quando acertares em alguém
Terás caçado o poema.
Podes agora sonhar
Como quem sonha pedaços
De renda antiga
Feitos de colchas das mães
Deita-te só, e descansa
segura dentro de ti
O poema aprisionado
Aquele que te sacia
E te mantém renovado.
4 comentários:
Um poema a espera do cupido para magoar um coração em versos de amor. Um abraço, Yayá.
com um poema aprisionado nunca se está totalmente só.
poema muito bonito e tocante...
beijo.
Joãozinhamiga
O poema aprisionado
que nos dás, a todos nós
é um texto bem esgalhado
provindo da tua voz
deixa-me tão comovido
porque o sinto bem sentido
Nos versos sou desgraçado
busco a rima ao tempo antigo
e fico sempre atrapalhado;
novos rumos? Não consigo
Mesmo assim, ninguém me ensina
a fugir de triste sina...
Gostei, uma vez mais, querida Amiga
Qjs
Que enigma é este de ser prisioneiro
do poema a que me converti?
Ah! Como é cativante este cativeiro,
que me abriu o mundo e não fugi!...
Beijos meus!
AL
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