26 outubro 2009

Memórias

Nascem na memória
imagens de metades perdidas
Cortadas ao meio,
Estranhamente divididas
por um fino esteio,
cruéis imagens feridas
Espécie de teia emaranhada
Uma voz que ecoa, distante
Que corta
Ecoa , absorta , magoada
vidro cinzelado a diamante.
Efémera recordação ,
Lamparina flamejante
Lançando sombras no chão
Onde se recorta, intacto
O teu vulto flutuante

E por vezes as memórias
Atraiçoam, sem saber
Se lembramos hoje
O que vivemos ontem,
Se o ontem não existiu
Que lembranças ficarão?
Do que não foi vivido
Por não existirmos hoje
Na nossa recordação
Nas memórias que fingimos
Deixar o tempo roubar
Qual bicho que nos devora
Este nosso imaginar
Até que virá um dia
Em que a memória se vai
Para um qualquer lugar
E nos deixa tão sós
Sem nada para recordar.

25-10-2009

Sem comentários: