17 fevereiro 2011

Musas

A Musa Euterpe 1752-Francois Boucher

Porque é que só me chamam Musa
E me condenam a não ser apenas mulher?
Porque fico eu aqui sozinha, entronizada
Como se fosse uma santa de um altar qualquer?

Foi Deus ou o Diabo que me condenou
A ser a mais solitária das mulheres
A resignar-me sem sentir, sem saber
Onde está aquele que me amou?

Porque me falas tu dela sempre?
Porque está o retrato dela
Tão vivo na memória , tão presente?

Estarei condenada assim eternamente?
Já me chamam Dona Musa por aí
Que condão tenho eu, que desconheço
A minha vida é uma viagem sem regresso?
Espécie de ampulheta sempre a inverter
A areia que conta as horas que padeço?

Ah , não me chames Musa, chama-me antes mulher
E leva-me para a tua cama, enrolar os lençóis de linho
Não me peças para os fiar, pede-me antes para neles
O teu corpo poder beijar.

4 comentários:

Anónimo disse...

Tenho seguido o seu blogue. Gosto desta sua poesia em particular.
Continue, não desista.
A.P

Anónimo disse...

Reportando-me ao "pena não ter um perfil público... " dum comentário seu anterior: construir um blogue... requer arte, decoração, esmero, empenho, conteúdo e dedicação. São atributos que (me) escasseiam. Por isso limitar-me-ei , de quando em vez, a deixar o meu comentário ou a minha ressonância.
Adoro ler os seus poemas. Felicito-a pelo blogue no seu todo.

Anónimo disse...

A minha ressonância:

A vida é feita de pedaços... pedaços que se cruzam, se interpenetram e se juntam numa só dimensão... no palco da vida.

Um poema (com tão elevada inspiração) não está despido, não. Nele está patente cada um dos pedaços que apresentam a personagem real da vida em duas contrastantes vertentes: ora chora agrestemente, ora ri triunfalmente... num misticismo de ternura, perfume, beleza, doçura, magia e sonho encantador.

Unknown disse...

ÓO senhor Palito Métrico assim rebenta a escala, consigo o metro passa a ser muito mais do que uma simples medida ( risos).