São tristes as manhãs,
feitas de domingos solitários
os pássaros debicam lá fora
e trazem um canto fugaz e aguçado
São tristes as tardes
feitas de névoa e silêncio amargurado
as persianas descem vorazes
sobre a mesa vestida de branco
rendada e vazia, jaz uma jarra
sem o perfume dos lilazes,
nesta solidão sonolenta
de vida apenas cinzenta.
No olhar, mais do que céus
lagos profundos, procurando os teus
E a vida dorme, adormecida
e eu fecho às vezes as mãos
fecho-as em vão
geladas, sem sol quente do verão
Ninguém profundamente me conhece
nem talvez a alguém interesse.
Bastam-me as cotovias
no meu silêncio
e a dor já não me dói, já não a sinto.
Branco rosário de contas de lithium.
2 comentários:
"Ninguém profundamente me conhece
nem talvez a alguém interesse."
Quantas vezes nós não nos conhecemos a nós mesmos...
E mesmo assim (ou por isso mesmo) pode alguém ter interesse nesse conhecimento.
Palavras à parte, é um belo poema.
Ai sr. Carapau! ( rindo) algum alento me dá ser lida por um peixe.
Às vezes tenho a nítida sensação que sou um exemplar raro neste planeta de Et's !!
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