18 maio 2011

Desencanto

Não há encanto que me encante, desencantei-me sem sentir
Que assim me desencantava.
Resta-me fugir de mim, assim como quem foge de um feitiço desencantado.
Meio século  a quebrar esteios e amarras,
a lutar contra dragões que  eram feitos de papel.
Afinal uma simples chuvada apaga as marcas na calçada
Havia ali a pegada de um dragão, ainda à pouco...
Olhei com atenção, em seu lugar  um pequeno lago,
vulgo poça de água, fazia transparecer a imagem do meu desencanto.
Assim não consigo ir mais à frente - pensei eu - quem me garante que na próxima rua
não vou encontrar uma amálgama de folhas brancas rasgadas pelo poeta que já não sente?
É que para  fazer poesia preciso  de saber que as marcas estão no caminho, e sem caminho, não há ilusão que viva, porque eu não penso e , não pensando não há memória que resista. È como a chuva na calçada - tudo apaga; hoje foi dia de chuva na minha memória, resta-me uma folha branca que eu não consigo preencher.
Ando à procura do dragão, dediquei a manhã a perscrutar o horizonte e o maldito não se digna a aparecer!
Talvez a culpa seja da chuva, sim... porque para minha tranquilidade preciso de inventar um culpado!

2 comentários:

OceanoAzul.Sonhos disse...

Aqui sente-se. Parabéns pelo blog.
Abraço
oa.s

Celso Mendes disse...

O dragão está aí, não há chuva que apague sua chama.

Gosto de seu estilo!

beijo.