O Banho de Apolo
Naquela manhã , depois da habitual sintonia do rádio, rumou ao banho, abriu a água e deixou que fumegasse..
Lentamente despiu-se enquanto olhava no espelho, os pensamentos balouçando para cá e para lá; já nú entrou na banheira, pé ante pé e deixou que a água lhe escorresse lenta pelo corpo; ultimamente tudo escorria corpo abaixo, as mãos caiam num tremelicar sem força enquanto que os seus pensamentos adejavam mais e mais em direcção ao big-bang.
Ensaboou-se. Era ainda um dos prazeres que lhe restava : o sabonete da Ach. Brito, aquele que , segundo lhe tinham confidenciado , era usado na Casa Branca. Ironias do destino.
Terminado o banho e com a última chuveirada, fechou a torneira e deixou-se também ele escorrer pelo ralo da banheira. Nadaria até ao oceano, lá estava a sua origem; era aí que tudo tinha inicio. Imaginava que assim fosse..
Pelo caminho encontrou ratazanas, outros ratos criaturas imundas que nadavam com ele e de olhos postos no fundo do túnel , atravessou o esgoto e renasceu.
Finalmente era livre. Algures um rádio emitia para nenhures!!
3 comentários:
Arrobamiga
Cá está o chato revisor. Um pedido: se não tiveres gostado do meu anterior comentário - não o publiques; não fico chateado...
E, agora, a observação. Escreveste:
... naquela manhã, depois de sintonizar o programa da radio que gostava...
Ora bem: o mais correcto é saber que se deve dizer gostar de alguma coisa.
Está a utilizar-se com enorme frequência a construção que usaste, mas para um minhocas como eu, continuo a gostar dos teus textos, doteu blogue, deescrever, de ler, de chatear.
Desculpa-me a frontalidade, mas não quase a chegar aos 70 anos que vou mudar...
Se entenderes que sim, publica; se entenderes que não, não publiques. Ficamos amigos como dantes, quartel-general em Abrantes...
Qjs
Um sabonete Ach. Brito na génese dum renascimento. Original, no mínimo!
(Como vivo no campo tenho que fazer um esforço para entender o pensamento urbano. Mas faz sentido...)
Beijo :)
Gostei bastante do texto, em especial do surrealismo da cena que leva o personagem pelo ralo em direção ao seu renascimento. Muito interessante mesmo!
beijo, amiga.
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